A escritora e jornalista portuguesa Alexandra Lucas Coelho venceu o Prémio Oceanos 2022, com o livro “Líbano, Labirinto”, foi hoje anunciado na cerimónia de entrega da distinção, realizada em Maputo, no Centro Cultural Brasil-Moçambique. No segundo e terceiro lugares ficaram, respetivamente, o moçambicano João Paulo Borges Coelho, autor do romance “Museu da Revolução” e a brasileira Micheliny Verunschk, que escreveu “O Som do Rugido da Onça”.
Primeira obra de não-ficção a ganhar o prémio, em “Líbano, Labirinto” a autora, “constrói um livro poderoso sobre os afetos e a guerra, a angústia e a esperança.”, combinando "gêneros de tradição: a crônica, a grande reportagem, a narrativa de guerra, o testemunho e a memória”, como observou um dos membros do júri final, Joselia Aguiar, jornalista e curadora literária.
Do mesmo júri fizeram parte Cristhiano Aguiar, Guilherme Gontijo Flores, Joselia Aguiar e Júlia de Carvalho Hansen, do Brasil; Artur Bernardo Minzo, de Moçambique; e Ana Cristina Leonardo e Helena Vasconcelos, de Portugal.
As três obras vencedoras percorreram um longo caminho até finalmente o serem. Numa primeira fase, concorreram com 2.452 livros inscritos, avaliados por um júri internacional e especializado de 122 elementos, que selecionou 65 obras. Destas, um outro júri — composto por Jeferson Tenório, Nina Rizzi, Paulo Scott e Prisca Agustoni, do Brasil; João Luís Barreto Guimarães e José Riço Direitinho, de Portugal; e Teresa Manjate, de Moçambique — escolheu dez finalistas, entre os quais se encontravam nomes como Djaimilia Prereira de Almeida, Pedro Pereira Lopes, Teresa Noronha ou Tatiana Salem Levy.
Ao todo, participaram autores de 17 nacionalidades diferentes, e o volume de inscrições aumentou 34% relativamente à edição de 2021. Em termos de géneros literários, a poesia dominou, com 46% das inscrições. Mas os romances não se ficaram atrás, constituindo 30% das mesmas, o que significa a presença de 743 obras.
O Prémio Oceanos nasceu em 2003, no âmbito da literatura brasileira, mas em 2007 foi aberto a todos os países de língua portuguesa. Até 2014, era conhecido como Prémio Telecom de Literatura, tornando-se Oceanos em 2017, quando passou a ser organizado pelo Itaú Cultural.
Em 2022, a curadoria ficou a cargo do moçambicano Nataniel Ngomane, professor da Universidade Eduardo Mondlane e presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa, os jornalistas Isabel Lucas, de Portugal, e Manuel da Costa Pinto, do Brasil, e a investigadora Matilde Santos, de Cabo Verde, também curadora da Biblioteca Nacional do país. A coordenação-geral coube à gestora cultural luso-brasileira Selma Caetano.
O Prémio tem um valor total de 250 mil reais (45 mil euros), dos quais 120 mil (21.700 euros) são atribuídos ao primeiro lugar, 80 mil (14.500 euros) ao segundo e 50 mil ao terceiro (9 mil euros).