“Escrítica Pop” tem, como os discos de vinil, um lado A e um lado B, ainda que esses lados não correspondam exactamente às duas partes do livro, uma contendo a colectânea homónima de 1982, a outra recuperando um ensaio longo de 81, “O Ovo e o Novo”. A dicotomia aqui é entre “impressões” e “teorias”, mas umas decorrem naturalmente das outras, sem ser necessário virar o disco.
Miguel Esteves Cardoso, então na casa dos 20, vivendo entre Portugal e o Reino Unido, leitor do “New Musical Express”, colaborador de “O Jornal” e do “Se7e”, entendia a música pop como descartável, sem futuro. Diz isto como um elogio, ou antes, como um facto. Música do presente, a pop responde a uma necessidade lúdica, física, dançável, e reage a uma insatisfação sociopolítica, geracional. É efusiva, zangada, imediata, efémera. Aquilo que traz de “novo” pode tornar-se o “ovo” do que vem a seguir. Mas há novidades que não sabemos de onde vêm, e outras que não deixam descendência.
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