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Culturas

Paula Rego e Adriana Varejão em exposição no CAM: para lá da convulsão

Mais do que o contraste, sempre possível, entre a portuguesa Paula Rego e a brasileira Adriana Varejão, o que existe no CAM, em Lisboa, é uma soma densa, pesada, sem sombra de amabilidade

A última sala com as sereias voadoras, as referências a Bordalo Pinheiro e, ao fundo, o menino azul à beira-mar

“A Beleza será convulsiva ou não será.” Desde que André Breton inventou este fecho exemplar para “Nadja” (1928), uma narrativa intensa de um encontro, a convulsão entrou no vocabulário das artes para assinalar uma diferente beleza. Perante a exposição que reúne no CAM Paula Rego e Adriana Varejão, a presença dessa beleza convulsiva é uma evidência a um primeiro olhar, logo seguido por algumas interrogações: será que não estamos para lá da convulsão e que, por isso mesmo, nos situamos num território para lá da beleza convulsiva? Ou será precisamente o contrário, i.e. estamos mesmo antes ou no momento em que a convulsão e a beleza simultaneamente se revelam?