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A Revista do Expresso

“Os Excluídos”: um grande filme sobre o desapontamento, com o portentoso Paul Giamatti

A Academia nomeou "Os Excluídos" para cinco Óscares. Dizem os 'entendidos' que não vai ganhar nada, nem juízo. Pouco ralado com isso está o escriba, que deste lado anuncia: não só é o melhor filme de Payne até à data, é também – e de longe – o melhor dos dez que se candidatam ao prémio principal. “Os Excluídos” estreia-se esta quinta-feira

Dominic Sessa, Paul Giamatti e Da’Vine Joy Randolph (nomeada para o Óscar de Melhor Atriz Secundária) protagonizam “Os Excluídos”

Neste estranho filme de Natal tão inolvidável como a sua consoada, a história já vai lá bem para a frente quando Paul Hunham, num rasgo de generosidade, oferece a Angus, e também a Mary Lamb, uma cópia das "Meditações" de Marco Aurélio, esse livro de pensamentos endereçados ao narrador, manual de autoajuda que vem da escola estoica. Com a delicada subtileza que já pautou todo o filme até esse momento, Alexander Payne mostra-nos em seguida que Paul, na verdade, não tinha outro livro para presentear. Nos seus aposentos vemos uma caixa de cartão ainda meio-cheia de exemplares daquela obra. Num curto espaço de tempo - apenas quatro anos após “The Card Counter – O Jogador”, que Schrader realizou em 2021 - o livro de Marco Aurélio volta a ser mencionado por um filme americano de muito alto nível, também este em torno de um homem entregue a rotinas e a disciplinas rígidas.