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A Revista do Expresso

A próxima grande rutura na vida britânica está planeada ao minuto

Isabel está a chegar ao fim do seu reinado e o protocolo para o que acontece após a sua morte é conhecido como ‘London Bridge’ [ponte de Londres]. Os planos mais elaborados são para o que acontecer se ela falecer em Balmoral, onde se encontra nesta fase de maior debilidade. Isso espoletará uma primeira onda de ritual escocês. Este texto foi originalmente publicado na edição de 30/03/2019 da revista E do Expresso
LEON NEAL/Getty

Sam Knight/“The Guardian”

Nos planos que existem para a morte da rainha — e há muitas versões, no Palácio de Buckingham, no Governo e na BBC — a maioria prevê que ela morra após uma curta doença. A família e os médicos estarão presentes. Quando a rainha-mãe faleceu na tarde do sábado de Páscoa, em 2002, na Royal Lodge em Windsor, ainda teve tempo de telefonar a amigos para se despedir e de oferecer alguns dos seus cavalos. Nessas horas derradeiras, o médico sénior da rainha, um gastrenterologista e professor chamado Huw Thomas, estará ao comando. Olhará pela doente, controlará o acesso ao seu quarto e considerará que informação tornar pública. O elo entre soberano e súbditos é algo estranho e difícil de entender. A vida de uma nação torna-se a de uma pessoa e, a certa altura, a corda tem de partir.

Haverá boletins do palácio — não muitos, mas suficientes. “A rainha sofre de grande prostração física, acompanhada por sintomas que causam grande ansiedade”, disse Sir James Reid, o médico da rainha Vitória, dois dias antes da sua morte em 1901. “A vida do rei caminha tranquilamente para a sua conclusão”, foi a informação final emitida pelo médico de Jorge V, Lord Dawson, às 21h30 da noite de 20 de janeiro de 1936. Pouco depois, Dawson injetou o rei com 750 miligramas de morfina e um grama de cocaína — o bastante para o matar duas vezes — a fim de aliviar o sofrimento do monarca, e de ele expirar a tempo das rotativas do jornal “The Times”, que rolavam à meia-noite.