Nos planos que existem para a morte da rainha — e há muitas versões, no Palácio de Buckingham, no Governo e na BBC — a maioria prevê que ela morra após uma curta doença. A família e os médicos estarão presentes. Quando a rainha-mãe faleceu na tarde do sábado de Páscoa, em 2002, na Royal Lodge em Windsor, ainda teve tempo de telefonar a amigos para se despedir e de oferecer alguns dos seus cavalos. Nessas horas derradeiras, o médico sénior da rainha, um gastrenterologista e professor chamado Huw Thomas, estará ao comando. Olhará pela doente, controlará o acesso ao seu quarto e considerará que informação tornar pública. O elo entre soberano e súbditos é algo estranho e difícil de entender. A vida de uma nação torna-se a de uma pessoa e, a certa altura, a corda tem de partir.
Haverá boletins do palácio — não muitos, mas suficientes. “A rainha sofre de grande prostração física, acompanhada por sintomas que causam grande ansiedade”, disse Sir James Reid, o médico da rainha Vitória, dois dias antes da sua morte em 1901. “A vida do rei caminha tranquilamente para a sua conclusão”, foi a informação final emitida pelo médico de Jorge V, Lord Dawson, às 21h30 da noite de 20 de janeiro de 1936. Pouco depois, Dawson injetou o rei com 750 miligramas de morfina e um grama de cocaína — o bastante para o matar duas vezes — a fim de aliviar o sofrimento do monarca, e de ele expirar a tempo das rotativas do jornal “The Times”, que rolavam à meia-noite.