Os projetos turísticos no qual o elemento água é parte integrante do modelo de negócio, juntando economia e turismo e contribuindo para o desenvolvimento sustentável resulta no chamado Turismo Azul. A designação integra as atividades de três grandes áreas: náutica de recreio ou turismo náutico; turismo costeiro ou turismo de praia e sol: e turismo marítimo ou turismo de cruzeiros.
Um exemplo em expansão é a rede de Estações Náuticas de Portugal, já com 42 locais certificados ao longo da costa, bem como em rios e albufeiras, que congregam a oferta turística de mais de 1700 parceiros. António José Correia, coordenador desta rede não tem dúvidas sobre o “aumento exponencial” deste sector específico da atividade turística que considera um “pilar essencial da Estratégia Azul de Portugal e da nossa ambição de afirmar o país como um destino de referência no turismo náutico internacional”. Justifica com o recente relatório de monitorização do Observatório da Economia Azul, e anuncia que o “sector marítimo cresceu, com o valor acrescentado bruto (VAB) a representar 3,5% do PIB em 2022”, ou seja, um valor aproximado de €3,3 mil milhões.
Na prática, o número de empresas no Turismo Azul, situada em 45 mil, aumentou 200%, ou seja, triplicou entre 2010 e 2022. Nesta mesma década, a área do “Recreio, Desporto e Turismo”, gerou mais de 100 mil postos de trabalho, qualificados e dinamismo económico regional. “Há mais praticantes de desportos náuticos, mais concessões e mais empresas”, resume António José Correia, que estima uma faturação de €30 milhões para 2025, na rede Estações Náuticas, através dos parceiros de animação turística, incluindo passeios de barco e prática de modalidades, como vela, surf, windsurf, SUP, bodyboard, caiaque e canoagem. Para captar novos turistas, anuncia ainda mais de €600 mil para promoção internacional.
Segundo o estudo “Avaliação do impacto económico da indústria de cruzeiros em Lisboa 2023”, realizado pela Nova SBE, esta atividade representou 0,3% do PIB nacional, gerando um impacto direto de €794 milhões, representando um aumento de 136% face a 2019. “Comprometido com o desenvolvimento da economia azul”, Carlos Correia, presidente do conselho de administração do Porto de Lisboa, prevê este ano cerca de 360 escalas e 700 mil passageiros. Estes números reforçam o posicionamento da capital “como um destino de referência no turismo de cruzeiros a nível europeu e mundial”. O mesmo acontece no turismo fluvial, com destaque para a via navegável do Douro que somou em 2024 mais de um 1,3 milhões de passageiros.
Alojamento turístico costeiro
Os mais de 4500 alojamentos turísticos costeiros são outro sector em crescimento, tendo gerado proveitos de €5,2 mil milhões em 2023. Situada junto à praia de Cabedelo, o FeelViana criou “o maior e melhor” centro náutico do país, destacando-se a prática de kite, windsurf e surf. Sofia Pereira, diretora comercial deste hotel, destaca o “papel ativo na organização de eventos internacionais que afirmam a região como destino de excelência”. Ao longo da costa destaque ainda para a etapa de Peniche da World Surf League, que em 2024 movimentou mais de €20 milhões de euros, o Big Wave da Nazaré e o Challenger Series da Ericeira. Em Peniche, o consumo gerado ascendeu a mais de €13 milhões, enquanto na Nazaré, a estimativa aponta para €1,6 milhões em apenas um dia de ondas gigantes.
Gastronomia azul
Com mais de 10 mil visitantes, o festival internacional do ouriço-do-mar promove a sustentabilidade de um recurso selvagem. A iniciativa que decorre na Ericeira, reconhecida como reserva mundial de surf, promove a educação ambiental e a preservação do ecossistema marinho. “Esta integração de atividades proporciona uma experiência turística holística, combinando gastronomia, desporto e sustentabilidade”, explica Nuno Nobre, fundador e diretor do festival. O conhecimento científico adquirido nas dez edições do evento já foi exportado para o Brasil e para Malta, “o que significa criação de valor económico do festival e da marca Portugal”, conclui Nuno Nobre.
Tudo o que tem de saber sobre o PNT
O QUE É
O Prémio Nacional de Turismo
(PNT) destaca e dá visibilidade a projetos no sector. A iniciativa do Expresso e do BPI conta com o apoio institucional do Turismo de Portugal, IP, e apoio técnico da Deloitte.
CATEGORIAS
Turismo Azul (nova)
Projetos turísticos onde o elemento água é parte integrante do modelo de negócio, através de ambientes aquáticos naturais, como o mar, os oceanos, as zonas costeiras, os rios, os lagos, as albufeiras.
Turismo Comunitário (nova)
Projetos que tenham impacto positivo na melhoria da qualidade de vida da comunidade e estimulem a colaboração e a comunicação com os turistas.
Turismo Autêntico
Projetos que apresentem oferta abrangente e equilibrada do ponto de vista territorial, bem como da utilização de recursos locais.
Turismo Gastronómico
Projetos que se destaquem por oferta gastronómica diferenciada e autêntica, alicerçada na valorização da gastronomia regional e nacional.
Turismo Inclusivo
Projetos comprometidos em garantir que os turistas, independentemente de condições físicas, sensoriais, cognitivas ou outras, possam desfrutar das riquezas culturais e naturais.
CANDIDATURAS
Candidaturas efetuadas até 31 de maio exclusivamente online, na página do Prémio Nacional de Turismo, em www.premionacionaldeturismo.pt