Nos programas eleitorais, divulgados durante a campanha das últimas legislativas, o turismo mereceu “promessas” dos principais partidos, como uma maior atenção aos destinos rurais e do interior, a aposta na formação de trabalhadores e uma decisão final sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa. A poucos dias da tomada de posse de um novo Governo, os principais empresários da hotelaria e restauração apontam as urgências e prioridades para garantir que o sector do Turismo continua a crescer, a começar pela redução da carga fiscal e processos mais ágeis na contratação e formação de trabalhadores, nomeadamente estrangeiros.
Dionísio Pestana
“Precisamos de políticas que potenciem investimento”
“O turismo tem já um cunho estrutural na economia, mas Portugal continua com uma carga fiscal elevada num quadro de concorrência feroz entre mercados recetores de turistas. É importante ter políticas que potenciem o investimento e a criação de postos de trabalho”, refere Dionísio Pestana, presidente do maior grupo hoteleiro português, que atingiu, em 2022, um volume de negócios de €453 milhões, e está presente em 16 países com mais de 100 unidades de alojamento. A formação de recursos humanos é outro tema prioritário para o responsável que aponta a necessidade de “políticas mais ágeis” e que continuem a criar condições para os trabalhadores que “chegam de outras geografias”. Dionísio Pestana alerta que a “estabilidade do quadro político” é “vital” para os agentes económicos e lamenta que a burocracia seja ainda “uma força negativa na vida portuguesa”.
Rui Sanches
“Reforçar apoio à capitalização das empresas”
Como “mudanças fundamentais” para a “sustentabilidade das empresas portuguesas”, Rui Sanches, fundador do grupo nacional Plateform, detentor de 27 marcas de restauração, próprias e internacionais, aponta como prioridades a “reposição integral da taxa intermédia do IVA nas bebidas, a redução da taxa de IRC, e da contribuição sobre embalagens de utilização única, excluindo as utilizadas em delivery, já que nestes contextos é impossível ao cliente utilizar recipientes próprios”, explica. “É mesmo urgente olhar para o tema da fiscalidade e o peso das taxas, que estrangulam os negócios, afetando por vezes a própria sobrevivência. É urgente também reforçar o apoio ao investimento e capitalização dessas empresas, para que com isso possam inovar”, acrescenta, alertando para a necessidade de trabalhar a igualdade de oportunidade no cenário europeu.
Jorge Rebelo de Almeida
“Apoios para formação e qualificação dos recursos humanos”
Decisões rápidas de temas “que se arrastam há muito tempo” como a localização do novo aeroporto e a aposta na ferrovia e na alta velocidade, “cujo foco deveria ser a ligação de Portugal a Espanha e à Europa”, são exigências de Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé, cuja operação em Portugal e no Brasil atingiu €100 milhões de lucro em 2023. O responsável reclama ainda apoios específicos para o sector, sobretudo na “formação e qualificação dos recursos humanos”, e realça a importância dos incentivos ao reinvestimento e linhas de crédito bonificado para financiar remodelações, inovações e a conservação. “Só assim se consegue manter um padrão elevado na oferta e competitividade”, diz. “Tendo em conta o provável cenário de instabilidade governativa que se adivinha, o reforço da autonomia da administração pública, central e local, deveria ser um desígnio nacional. Mas também simplificar os licenciamentos, equilibrar a carga fiscal, resolver o problema da habitação, pôr o Serviço Nacional de Saúde em ordem e ter a Justiça a funcionar com agilidade,” conclui.
Miguel Guedes de Sousa
“Novo aeroporto e rede de alta velocidade são prioritários”
Miguel Guedes de Sousa, partner e presidente do Grupo Amorim Luxury, detentor de marcas de luxo como a JNcQUOI, que está prestes a abrir o primeiro hotel em Lisboa, num investimento estimado em €10 milhões, aponta quatro desafios ao novo Governo que exigem “um foco urgente”: a manutenção do regime de Residente Não Habitual, para “continuar a atrair investidores estrangeiros que representam níveis muito atrativos de consumo”; a segurança, “um dos maiores trunfos nacionais comparativamente a outros destinos”; a promoção internacional, “especialmente nos Estados Unidos da América”; e Infraestruturas e serviços “que permitam uma ligação funcional” entre as cidades e o interior, mas também “o novo aeroporto e a rede de alta velocidade”. O empresário defende a redução e simplificação do sistema tributário, a criação de isenções fiscais para jovens empreendedores, incentivos fiscais para investidores-anjos e medidas “que facilitem” o acesso ao crédito, “como linhas de crédito especiais ou garantias governamentais”. Miguel Guedes de Sousa reconhece a imigração como “um fator inevitável”, mas que, “devidamente controlada” para evitar a entrada de trabalhadores sem contrato, deve ser facilitada com “processos fluidos”, que levem a uma “rápida entrada no mercado de trabalho”.
Tudo o que tem de saber sobre o PNT
O QUE É
O Prémio Nacional de Turismo (PNT) destaca os melhores e dá visibilidade a projetos com valor no sector do turismo em Portugal. A iniciativa do Expresso e do BPI conta com o alto patrocínio do Ministério da Economia e do Mar, o apoio institucional do Turismo de Portugal, I.P., e o apoio técnico da Deloitte.
CATEGORIAS
Turismo Autêntico Projetos que apresentam oferta abrangente e equilibrada do ponto de vista territorial, bem como da utilização de recursos locais.
Turismo Gastronómico Projetos que se destaquem por oferta gastronómica diferenciada e autêntica, alicerçada na valorização e promoção da gastronomia regional e nacional.
Turismo Inclusivo Projetos que promovam um reforço da relação com o consumidor através da comunicação ou de iniciativas que visem a sua inclusão e fidelização.
Turismo Inovador Projetos que apresentem uma oferta inovadora e a utilização de ferramentas e meios digitais para a comunicação, distribuição e análise do desempenho.
Turismo Sustentável Projetos que se distingam pela sustentabilidade ambiental, económica e responsabilidade social subjacentes à estratégia de médio/longo prazo.
DATAS MAIS IMPORTANTES
Candidaturas 1 março-31 maio.
Avaliação 1 junho-30 setembro.
Reunião de comités e júri outubro e novembro.
Entrega de prémios novembro.
CANDIDATURAS
Para se habilitar a vencer o PNT apresente a sua candidatura até 31 de maio de 2024. Acompanhe tudo aqui