O mais recente boletim do Instituto Nacional de Estatística (INE) indica que no segundo trimestre deste ano, as deslocações de residentes com destino ao estrangeiro cresceram 9,8%, totalizando 812,2 mil viagens, o que representa uma aproximação progressiva aos níveis de 2019, ficando apenas 1,9% abaixo dos valores pré-pandemia. “Lazer, recreio ou férias” são a principal motivação dos residentes para viajar (66,8%), refere a análise. Estes dados, mesmo sem os meses de verão, confirmam o crescimento já indiciado em 2022, ano em que as saídas para férias fora do país aumentaram 162,5%, com um total de 2,7 milhões de viagens. Com o aproximar das celebrações do fim de ano, os operadores estão confiantes em que os resultados de 2023 confirmem um novo recorde no número de portugueses que viaja em lazer para fora do país.

Em contraponto, apesar dos dados ainda não denunciarem uma quebra no turismo interno, cativar os nacio­nais a “fazer férias cá dentro” é um dos grandes desafios para o sector em 2024. O preço das férias é apontado como o fator decisivo, com o mercado português a sentir as dificuldades da atual conjuntura económica. Este verão “o alarme voltou a soar” com a diminuição das dormidas no Algarve, de 2,8% e 6,9%, em julho e agosto, respetivamente. “Constipação de verão”, segundo Pedro Costa Pereira, Presidente da Associação de Agências de Viagens e Turismo (APVAT), justificada pelo facto de os “portugueses de rendimentos baixos/médio-baixos não conseguirem fazer férias por ainda viverem os efeitos desiguais da inflação”.

A atração dos destinos exóticos

Pedro Costa Pereira confirma “a excelente procura para o estrangeiro, com preços competitivos, para Cabo Verde, Senegal, Caraíbas”, mas ressalva que “não foram estas pessoas que deixaram de ir para o Algarve, até porque o preço médio destas operações foi mais elevado que em anos anteriores”. Em sintonia, Nuno Mateus, diretor-geral da Solférias, um dos principais operadores turísticos em Portugal, confirma que “os portugueses estão a viajar mais para o estrangeiro e o crescimento é grande, a dois dígitos”. Com o aproximar da passagem de ano, que leva muitos portugueses a viajarem, o mesmo responsável está otimista quanto aos resultados neste segmento: “Em 2022, a venda de pacotes turísticos para fora já foi superior a 2019 e, em 2023, vai suplantar o ano passado”. Para estes resultados contribuíram destinos como Cabo Verde, República Dominicana, México, Zanzibar, Tunísia, Marrocos, Egito e Disney. Relativamente ao Fim de Ano, a empresa tem agendados 12 charters para Brasil, Cabo Verde e Madeira, e já conta com reservas para os voos fretados para a época de férias de 2024 em direção ao Senegal, Tunísia e Marrocos.