A dívida pública portuguesa é hoje superior a 200 mil milhões de euros e, com as novas regras europeias de contabilização, superará na verdade os 130% do PIB português em breve. Para conseguir baixar este nível para os nível de 60% do PIB seria necessário, como escreveu este fim de semana o Presidente da República, um crescimento de 4% (nominais) do PIB e um excedente primário (saldo positivo orçamental antes de juros) de 3% em cada um dos próximos vinte anos - o que nunca foi conseguido nem em um dos últimos 40 anos. Esta equação revela o que muitos economistas têm vindo a dizer: é impossível pagar esta dívida pública nos prazos e taxas de juros atuais.
Uma reestruturação é um outro nome para perdão de dívida, acrescenta Pedro Santos Guerreiro. E é uma forma radical, que por si só implicaria uma perda generalizada não só para aquilo a que chamamos mercados (grandes investidores internacionais, como fundos de investimentos e fundos de pensões), mas também para a os credores institucionais (a troika: União Europeia e FMI) e para... portugueses: bancos, aforradores, fundo da Segurança Social. Há outra formas de perdão, que aliás têm nomes menos drásticos. As formas mais prováveis aliás são as menos claras, acrescenta o diretor executivo do Expresso: mutualização indireta, extensão de prazos, descida das taxas de juro. Formas, aliás, de que Portugal tem beneficiado.
Veja o comentário de Pedro Santos Guerreiro na íntegra no vídeo.