Governo

Governo admite avaliar quatro propostas de Pedro Nuno sobre imigração, mas recusa alargar reagrupamento familiar

Leitão Amaro saúda "esforço construtivo" do líder do PS, mas diz que propostas próprias do PS são más, as que são boas são "cópia" do governo

António Leitão Amaro, ministro da Presidência
TIAGO PETINGA / Lusa

O ministro da Presidência saudou esta sexta-feira o "esforço construtivo" do PS em matéria de imigração, mas considerou que parte das medidas são cópias do plano do Governo e há uma "perigosa", de "aparente abolição de limites ao reagrupamento familiar", que o Governo desde já rejeita. António Leitão Amaro falava aos jornalistas na sede do Governo, em reação às medidas apresentadas à tarde pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, no Parlamento.

"Apresentaram sete propostas, umas que são próprias e outras que são propostas boas. As próprias são genericamente más, as propostas que são boas são essencialmente cópias de medidas que o Governo tem em curso", criticou Leitão Amaro. O ministro reiterou que, com estas propostas, o PS "reconhece o erro grave que foi a política de imigração do Governo anterior", ideia que já tinha transmitido após a entrevista do líder do PS ao Expresso sobre o tema, em que reconheceu erros do anterior executivo.

Nas medidas que considera serem desenvolvimentos ou cópias do Plano de Ação para as Migrações, o ministro apontou as negociações com as empresas, a simplificação e digitalização de procedimentos na AIMA (Agência para Integração Migrações e Asilo), bem como as relacionadas com a promoção da aprendizagem do português ou a inscrição no IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional".

"Depois, há uma medida que é nova, mas que é inexpressiva, a ideia de que vistos de trabalho sazonal ou outros vistos de natureza temporária podem dar lugar diretamente a autorizações de residência", afirmou, dizendo que representa apenas 0,6% dos vistos anuais.

O ministro considerou existir entre as propostas do PS "uma medida errada", que é querer "transformar a AIMA numa nova instância que vem complicar e adicionar burocracia ao processo de obtenção de vistos". "Não é essa a vocação, não é assim que se reorganizam os processos nos vistos consulares, é com a contratação dos 50 peritos que já estão contratados", defendeu.

Finalmente, Leitão Amaro alertou para uma "medida que, tal como apresentada, é perigosa", a "aparente abolição de limites ao reagrupamento familiar". "O Governo, desde o princípio, defendeu que o reagrupamento familiar é um dos canais adequados e que deve ser, aliás, agilizado. Agora, no reagrupamento familiar, como todos os outros, há um limite à capacidade do Estado de tratar administrativamente os processos e da sociedade e do Estado fazerem e das suas estruturas conseguirem integrar", avisou.

Questionado sobre a disponibilidade do Governo para viabilizar, em concreto, alguma das propostas do PS no parlamento, o ministro repetiu existirem quatro propostas que "reforçam, concretizam" a estratégia que o Governo está a implementar. "Essas quatro propostas são quatro propostas boas, acontece é que são quatro ideias do Governo, mas nós estamos disponíveis para olhar para a forma como o PS quer vê-las concretizadas", afirmou, admitindo que até a que considerou inexpressiva "merece ser avaliada".

"A errada e a problemática, seguramente, tal como elas foram apresentadas, não têm caminho, mas cabe agora ao PS explicá-las", disse. Sobre a proposta relativa ao reagrupamento familiar, Leitão Amaro pediu mesmo aos socialistas que a abandonem na formulação atual.

"Se imaginarem e fizerem contas à possibilidade de, face ao número de população imigrante que temos, poder haver um reagrupamento familiar irrestrito, isso não é razoável (...) Querer abolir limites, dizer que a porta tem que estar sempre aberta, é errado, se for essa a intenção do PS", repetiu.

Questionado sobre a leitura que faz da apresentação destas propostas por parte do PS, o ministro voltou a saudá-lo como positivo, embora num tom crítico. "Um partido que andou perdido na política de imigração durante oito anos demora a acertar", disse.

O ministro afirmou que, nesta matéria, haverá "muitas mais medidas do Governo", algumas delas que terão de passar pelo parlamento, dizendo que o executivo estará "sempre disponível" para conversar.