“Nem mais um! Nem mais um!”, ouviu-se este sábado num jantar do Chega em Torres Novas, depois de André Ventura ter incitado os militantes e os apoiantes contra a entrada de mais estrangeiros em Portugal. "Estamos cheios de imigrantes, não podemos ter mais!", instigou o líder da direita radical no púlpito, e deu o mote aos presentes, que gritaram ao estilo dos comícios de Donald Trump, nos Estados Unidos: “Nem mais um!” Mais tarde, já fim do jantar, quando pela primeira vez na campanha oficial discursou o cabeça de lista às europeias, António Tânger Corrêa atirou que só tinha uma coisa a dizer sobre imigração: “Nem mais um!” E o povo voltou a gritar o slogan contra os migrantes, no dia em que o Governo anunciou a apresentação de medidas mais restritivas para a próxima semana.
Com a campanha exatamente a meio, este sábado foi marcado pelo endurecimento do discurso do Chega nos seus terrenos preferidos: com argumentos cada vez mais focados em criar sentimentos contra a imigração (embora depois seja capaz de dizer que não é contra os imigrantes), André Ventura também suscitou o tema da identidade de género nas redes sociais, para depois dizer aos jornalistas, sem apresentar provas, que as escolas públicas ensinam “o que é o sexo oral e anal, que se pode deixar de ser mulher e ser homem, a crianças de dois ou três ou cinco anos”. De resto, a noite acabou por ser marcada por mais uma declaração excêntrica do embaixador Tânger Corrêa.