Exclusivo

Internacional

Oliver Lembcke: “Os populismos podem ser um desafio para a democracia, mas não necessariamente um desafio antidemocrático”

Um dos mais importantes estudiosos europeus na área dos populismos diz ao Expresso que os partidos que tendem para este comportamento não são, em si, um desafio antidemocrático. Podem ser um desafio, até uma ameaça, nos locais onde acabam por capturar as instituições do Estado, mas, ao serem eleitos, representam uma prova de vitalidade deste “conceito muito atrativo e com muito sucesso” que é a democracia

Oliver Lembcke é professor e autor de mais de 30 livros sobre democracia, teoria política, política e direito e ameaças à democracia moderna
D.R.

Oliver Lembcke cresceu e estudou na Alemanha de Leste quando ainda havia um muro. Hoje é uma das vozes mais escutadas no tema dos populismos, dá conferências e é chamado com frequência à televisão. No entanto, os que lideram os partidos tradicionais alemães, aqueles para quem quer falar, não parecem querer ouvi-lo.

O maior partido da atual coligação no poder, os sociais-democratas do chanceler Olaf Scholz, o “partido guarda-chuva” da política alemã do pós-guerra, o que “apanhava todo o tipo de eleitores” está perto da exiguidade na Alemanha oriental.

No lugar deixado vago pela relutância dos partidos convencionais em compreender ou sequer reconhecer que há todo um país com preocupações muito óbvias - imigração, preços da energia e guerra são exemplos - crescem dois partidos populistas que, nos estados da antiga Alemanha do leste já somam cerca de 50% das intenções de voto.