“Não somos biólogos mas também não somos parvos. Há qualquer coisa que não bate certo.” Raimundo Pedro, natural de Olhão, é marisqueiro na Ria Formosa há quase 40 anos, mas nos últimos 38 meses viu a sua atividade interditada. “Os meus vizinhos [nos setores ao lado] podem vender ostras, eu não”, queixa-se a João Oliveira. “Há outros interesses. Eles lá nas Quatro Águas queriam construir uma Marina. [Aos marisqueiros] põem cada vez mais obstáculos.”
Em causa está um problema de poluição, explica João Carlos, outro viveirista que apanhou o barco com a caravana da CDU. Sabem que há uma fonte de poluição que não está resolvida em Olhão, mas queixam-se de opacidade do processo e de não terem acesso a informação sobre os testes que têm sido feitos pelo IPMA.
Perdidos em burocracia, à espera de um despacho que não sabem bem quem tem de assinar, ficam com as vidas em suspenso e com prejuízos que ameaçam empurrar muitos para fora da atividade. Com a interdição, nem a manutenção podem fazer. Quando voltarem a trabalhar vão precisar de uns “milhares de euros valentes” para recuperar os viveiros e demorarão dois a três anos a voltar produzir.