No dia a seguir às eleições legislativas do passado dia 10 de março, Rui Tavares insistiu na sua solução alternativa ao governo minoritário de Luís Montenegro. Dizia o porta-voz do Livre que se o “não é não” do PSD ao Chega era para levar a sério, então os 50 deputados não contavam e o Presidente da República poderia indigitar uma nova geringonça que juntasse toda a esquerda, que somaria 92 deputados contra 88 de AD+IL.
As contas eram estranhas, arriscadas e ninguém quis experimentar ou forçar a solução Tavares, a começar por Pedro Nuno Santos. O líder socialista rapidamente passou para o lado da oposição recusando apresentar a Marcelo Rebelo de Sousa uma solução de governo minoritário, apenas pouco maior que o da AD.
O mesmo não fez, agora, Paulo Cafôfo. O líder do PS-Madeira olhou para os resultados das eleições regionais deste domingo e decidiu bater à porta do terceiro partido mais votado, o JPP, e apresentar esta terça-feira ao Representante da República uma solução de governo minoritário maior (por um deputado) do que a de Miguel Albuquerque.
A solução não é bem vista por todo o PS e apanhou vários socialistas de surpresa, que consideraram, aliás, que Cafôfo não podia ter reagido à vitória como o fez. No próprio domingo, Carlos Pereira, na RTP, defendia que “o PS devia assumir a derrota”. “O PS ganharia se se assumisse como partido de oposição e se reconstruísse”, disse o socialista que presidiu ao PS-Madeira até Cafôfo o substituir em 2019. Não é o único a pensar assim no PS, mas a ordem é para remeter para a autonomia regional do partido: o assunto pode queimar e a contaminação nacional já existe, é preciso não empolá-la.