O líder do PS, Pedro Nuno Santos, acusou esta quinta-feira o Governo de Luís Montenegro de estar a ser um executivo de “combate” à oposição”, ao “anterior Governo” e a “gestores competentes” em vez de se empenhar em governar. “Não é de um governo de combate que precisamos. É de um Governo que governe”, disse o líder socialista, na apresentação do manifesto do PS para as próximas eleições europeias, cerimónia que decorreu debaixo da pala do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações.
O líder socialista apostou fortemente em encostar a “direita tradicional” atualmente representada no Governo de Luís Montenegro à extrema-direita. Embora salientando que não coloca as duas direitas “no mesmo plano”, acrescentou que a direita tradicional “tem vindo a incorporar a agenda da extrema-direita", nomeadamente “diabolizando a imigração”, na “desvalorização da crise climática” e com ataques à consagração constitucional de direitos das mulheres (como o direito à interrupção voluntária de gravidez).
Segundo disse, a extrema-direita é “um dos maiores desafios” tanto para a democracia portuguesa como para a democracia europeia. E – assegurou - só os socialistas estão preparados a combater: “Só os socialistas travam o combate à extrema-direita na Europa e em Portugal, só nós."
Num outro tema, procurou insistir na ideia de que a atual crise inflacionista na habitação não é um problema exclusivamente nacional, é antes um problema de toda a Europa. Assim, afirmou, a habitação “é um problema que tem também de ter resposta europeia” e essa resposta europeia “não se pode resumir à habitação social”. É preciso, disse, um Plano Europeu para a Habitação Acessível que sirva também a classe média.
Antes dele, falou a cabeça de lista do PS às eleições europeias, que também se centrou no combate à direita radical. Marta Temido afirmou que “existem inúmeras ameaças ao projeto europeu”, tanto externas como internas – e sendo estas representadas por forças “populistas e eurocéticas”.
Sintonizada com Pedro Nuno Santos, acusou o Partido Popular Europeu (PPE), a família europeia que o PSD integra) de estar a fazer “concessões à extrema-direita”, nomeadamente no direito de asilo, com propostas que “violam convenções internacionais e põem em causa os direitos humanos”
“Não faltam exemplos de que a AD e a sua família europeia representam uma agenda de retrocessos”, acusou, criticando o chumbo do projeto que o Bloco de Esquerda apresentou no Parlamento português para reconhecer o aborto como direito na Carta de Direitos Fundamentais da UE.
Temido defendeu também que deve existir “condicionamento para o desembolso de fundos” para países que não cumpram as regras essenciais do Estado de Direito – e deu mesmo a Hungria como exemplo, o que lhe rendeu aplausos.
Tal como o líder do seu partido, defendeu igualmente um Plano Europeu para a Habitação Acessível e o reforço dos fundos próprios da UE através de novos impostos sobre a alta finança e sobre as grandes empresas tecnológicas.