No ano em que se assinalam os 50 anos da revolução democrática, os portugueses elegeram 50 deputados do Chega, partido da ultradireita que agrega muitos saudosistas da ditadura de Salazar. A coincidência entre o meio século da Revolução dos Cravos e a meia centena de parlamentares deste partido convida a várias leituras, a primeira eminentemente simbólica.
Sobretudo, afasta, em definitivo, a alegada excecionalidade portuguesa, segundo a qual o país estaria imune ao avanço da extrema-direita a que se vinha assistindo nos espetros políticos europeus e mundiais. Era afinal questão de tempo, isto é, o fenómeno acabaria por chegar, ainda que com ligeiro atraso.