O antigo líder socialista Ferro Rodrigues afirmou-se chocado com o que observou da operação policial realizada na Mouraria, em Lisboa, e com as "declarações indecorosas" proferidas sobre o assunto pelo primeiro-ministro.
"Estou em estado de choque com o que se passou na Mouraria", na quinta-feira, afirmou Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República entre 2015 e 2022 e secretário-geral do PS entre 2002 e 2004, numa mensagem que enviou à agência Lusa.
Ferro Rodrigues destacou em particular uma foto exibida "com dezenas de pessoas encostadas às paredes perante polícias armados, como se estivessem numa guerra".
O antigo secretário-geral do PS condenou também as declarações "indecorosas e irresponsáveis proferidas pelo primeiro-ministro", Luís Montenegro, sobre esta operação policial e concluiu: "Agora sim, é caso para dizer vergonha. Quem cala consente e não quer consentir".
Na quinta-feira, em Bruxelas, o primeiro-ministro considerou que a operação da PSP no Martim Moniz, em Lisboa, foi "muito importante" para criar "visibilidade e proximidade" no policiamento e para aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses.
"Há uma coisa que me parece óbvia, é muito importante que operações como esta decorram, para que haja visibilidade e proximidade no policiamento e fiscalidade de atividades ilícitas", defendeu Luís Montenegro, em conferência de imprensa na capital da Bélgica.
O primeiro-ministro considerou que as operações policiais de prevenção "têm um duplo conteúdo", ou seja, aumentar a "tranquilidade dos cidadãos, por um lado", e combater as "condutas criminosas".
Seguro critica, esquerda chama ministra
Também o comentador da CNN António José Seguro abordou a operação policial no Martim Moniz, em Lisboa afirmando que "o crime não tem cor nem nacionalidade" e lembrando que é a segunda vez em poucas semanas que ocorre uma operação policial no Martim Moniz. "Não há outras zonas do país com criminalidade?", questiona, apelando depois para que se "pare de estigmatizar os imigrantes".
Na quinta-feira, o BE, o PCP e o Livre requereram a audição da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, no parlamento, para esclarecer a operação policial no Martim Moniz, considerando-a inadequada, desproporcional e passível de criar "alarme social".
A PSP realizou, na tarde de quinta-feira, uma "operação especial de prevenção criminal" na zona do Martim Moniz, Lisboa, sobretudo para deteção de armas e droga.
Numa nota divulgada, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP explicitou que a operação na freguesia de Santa Maria Maior teve como objetivo "alavancar a segurança e tranquilidade pública da população residente e flutuante" e que "está a decorrer na zona da Praça do Martim Moniz, área onde frequentemente se registam ocorrências que envolvem armas".