Política

Morreu aos 93 anos Álvaro Monjardino, antigo presidente do Parlamento dos Açores

Marcelo Rebelo de Sousa considerou Álvaro Monjardino como uma "personalidade marcante a nível político e cultural", destacando-o como um dos fundadores dos Açores autonómicos

Marcelo Rebelo de Sousa com Álvaro Monjardino
EDUARDO COSTA/Lusa

O social-democrata e antigo presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) Álvaro Monjardino, morreu na sexta-feira aos 93 anos, na ilha Terceira, segundo fontes familiares e do PSD/Açores.

"É com muita tristeza que comunico que o meu pai morreu hoje [sexta-feira], rodeado da família", escreveu o filho Paulo Monjardino numa publicação na página pessoal da rede social Facebook.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou "profundo pesar" e expressou "gratidão nacional" pelo "papel histórico" de Álvaro Monjardino. Numa mensagem divulgada na página oficial na Internet da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa considerou Álvaro Monjardino como uma "personalidade marcante a nível político e cultural", destacando-o como um dos fundadores dos Açores autonómicos.

O Presidente da República manifestou ainda "gratidão nacional pelo papel histórico que Álvaro Monjardino desempenhou, desde os anos 70 e até ao século XXI, ao serviço do povo açoriano e de Portugal".

Na mensagem em que evoca Álvaro Monjardino, Marcelo Rebelo de Sousa recordou "a sentida homenagem" a que presidiu, realizada em 2021, no âmbito das comemorações dos 45 anos da Autonomia dos Açores, com a inauguração da Biblioteca Álvaro Monjardino, na Horta, Ilha do Faial.

Marcelo Rebelo de Sousa será representado nas cerimónias fúnebres este sábado e domingo pelo Representante da República nos Açores.

Antes, já José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores e líder regional do PSD, tinha reagido à morte de Álvaro Monjardino, numa publicação na sua página oficial do Facebook. "Expresso profundo pesar pelo falecimento de Álvaro Monjardino, uma figura incontornável na história da nossa região e um defensor incansável da autonomia açoriana", afirmou.

Bolieiro disse que Monjardino "dedicou a sua vida à causa pública, deixando um importante legado para a afirmação da democracia e autonomia dos Açores" e salientou que "é uma referência para todos os que servem" a região.

"A sua dedicação, integridade e compromisso com o bem comum são virtudes que continuarão a inspirar gerações futuras", vinca, expressando as suas condolências à família.

Por sua vez o presidente da ALRAA, Luís Garcia, manifestou profundo pesar pelo falecimento do antigo presidente daquele órgão regional. Numa nota de pesar, Luís Garcia, considera que Álvaro Monjardino foi "uma referência política da autonomia regional, que muito fez para a valorizar e aprofundar, enquanto deputado e cidadão participativo".

Elogios socialistas

Os elogios são feitos também por socialistas, como Carlos César, ex-presidente do Governo regional e atual presidente do PS, que destacou as "qualidades intelectuais" e a "solidez" das convicções do antigo presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores Álvaro Monjardino, que morreu na sexta-feira, aos 94 anos.

Na sua página na rede social Facebook, o antigo presidente do Governo dos Açores destaca que "as suas qualidades intelectuais, a autonomia e solidez das suas convicções e o seu entendimento político próprio distinguiam-no dos demais e trouxeram-lhe, inclusive, dificuldades no partido a que esteve ligado no início do seu percurso político.".

"Guardo as melhores recordações do nosso relacionamento e da ajuda que nunca me recusou em várias ocasiões, incluindo em assuntos que me ocupavam e preocupavam quando presidi ao Governo dos Açores", afirma Carlos César.

Vão no mesmo sentido as palavras do atual líder do PS-Açores, Francisco César. O líder do PS/Açores manifestou hoje "profunda consternação" pelo falecimento do antigo presidente da Assembleia Legislativa Regional, Álvaro Monjardino, sexta-feira, aos 94 anos. Citado em nota de imprensa, Francisco César refere que o político e historiador, bem como advogado, "foi um cidadão e político que se afirmou, e afirmou a Região Autónoma dos Açores, pelo seu permanente empenho e pela sua grande capacidade de defesa dos interesses dos Açores, dos açorianos e da autonomia".

“Obreiro” da autonomia e da classificação do centro histórico de Angra

Álvaro Monjardino nasceu a 6 de outubro de 1930, na freguesia da Conceição, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

Licenciado em Direito, foi militante do PSD e exerceu vários cargos políticos, como deputado à ALRAA na I e II legislaturas (pelo círculo eleitoral da Graciosa) e na III legislatura (pelo círculo eleitoral da Terceira), tendo sido eleito presidente do parlamento açoriano nas duas primeiras Legislaturas (1976/1978 e 1979/1984).

Foi ainda vogal da Junta Regional dos Açores, nomeadamente na área da Coordenação Económica e Finanças, e ocupou o cargo de ministro-adjunto do primeiro-ministro no IV Governo Constitucional, chefiado por Carlos Mota Pinto (1978-1979).

Segundo a ALRAA, além da carreira de advogado e do seu percurso político, Álvaro Monjardino foi também presidente da direção do Instituto Histórico da Ilha Terceira (1984-1999), e sócio correspondente da Academia Portuguesa de História e um dos "principais obreiros" do processo que levou à classificação do centro histórico da cidade de Angra do Heroísmo como Património da Humanidade na lista da UNESCO.

A 3 de setembro de 2021, por ocasião das comemorações dos 45 anos da autonomia regional, foi homenageado pela Assembleia Legislativa, na inauguração da biblioteca do parlamento açoriano, designada, desde essa data, por Biblioteca Álvaro Monjardino, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O velório de Álvaro Monjardino terá início hoje pelas 14:00 locais (15:00 em Lisboa) na igreja da Misericórdia de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, e o funeral terá lugar no domingo, às 10:00 locais, informou a família.