Em Portugal, Luís Montenegro enfrentará um dilema semelhante ao de muitos partidos de centro-direita por toda a Europa. “Não é um ótimo cenário, mas não é um cenário tão mau quanto em outros países”, afirma Catherine Fieschi, analista política anglo-francesa.
O presidente do PSD tem permanecido firme ao vincar que “não é não” no que diz respeito a entrar em acordos com o Chega de qualquer natureza. É uma estratégia vencedora, na opinião da diretora de política do think tank Open Society Foundations Europe. “Durante muito tempo, as pessoas pensaram que se se trouxesse esses partidos para o governo, eles normalizar-se-iam. Fala-se muito sobre o facto de Meloni não ser tão má quanto as pessoas pensavam que ela seria, mas a verdade é que Meloni está cercada pela União Europeia, precisa do dinheiro da UE e não pode ser ela mesma agora.”
Depender de partidos como estes é “uma péssima ideia”, observa Catherine Fieschi: não os normaliza, no sentido de que não enfraquece as suas posições; e legitima-os aos olhos dos eleitores. Por isso, é preciso fazer tudo para que um acordo com o Chega não aconteça, inclusive tentar que o PS entre em concordâncias com o PSD.