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Política

Pedro Nuno joga à defesa: Medina e Mendonça Mendes ajudam no programa económico

Aposta de Pedro Nuno é nos moderados e na prata da casa. Foi assim nas listas de candidatos a deputados e é assim na elaboração do programa eleitoral, que só vai ser apresentado dia 11 de fevereiro. O ‘verdadeiro’ pedronunismo fica em espera, de olhos no mini-ciclo

TIAGO MIRANDA

Chegará o dia em que o há muito prometido PS de Pedro Nuno Santos, mais à esquerda e com visões diferentes das que marcaram o PS de António Costa, Fernando Medina e Mário Centeno nos últimos anos de governação, sairá para a linha da frente do combate político. Mas hoje não é o dia. Na semana em que fechou as listas de candidatos a deputados, com um total de 18 atuais governantes e com rostos da ala moderada do partido — como Francisco Assis, Álvaro Beleza, Sérgio Sousa Pinto ou Marcos Perestrello, que tinham ficado para trás na era Costa — a serem puxados para lugares cimeiros, Pedro Nuno Santos arranca agora com a elaboração do programa eleitoral do PS seguindo a mesma lógica: apostar nos moderados, na experiência governativa e na prata da casa. “O PS terá oportunidade de fazer um reset, mas não é agora”, diz ao Expresso fonte da direção pedronunista, que já olha para umas “próximas legislativas”, antevendo que o ciclo eleitoral que agora arranca será curto.

Para já, é tempo de blindar. Não de arriscar, para não desbaratar os eleitores de centro que deram as vitórias ao PS. O calendário é curto e acelerado (“o 7 de novembro foi anteontem”) e Pedro Nuno Santos sabe que a vertigem eleitoral não aconselha a grandes aventuras. Com três eleições em cinco meses (Açores, legislativas e europeias), a prioridade na preparação das listas e na escolha das pessoas para trabalhar o programa eleitoral foi a de deixar o partido à prova de bala, apagando focos de tensão (que houve, sobretudo em Braga, com os apoiantes de José Luís Carneiro) e indo buscar para a linha da frente a franja dos chamados moderados, que até agora estava afastada. A ideia muito presente no núcleo duro de Pedro Nuno é “não o deixar encostar-se onde a oposição o quer encostar”, isto é, à esquerda “radical”. E se António Costa não precisava de se rodear de nomes como Francisco Assis ou António Vitorino para ter esse selo, Pedro Nuno precisa, e é isso que está apostado em fazer.