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"Cessar-fogo". Costa vai além dos líderes europeus

Primeiro-ministro apelou a cessar-fogo no Médio Oriente. Com ofensiva terrestre contra o Hamas em marcha, líderes europeus não foram tão longe

PAULO VAZ HENRIQUES/Lusa

O primeiro-ministro português condenou esta quarta-feira, além do ataque do Hamas a Israel, a “violação das normas do direito humanitário” que se está a verificar no cerco à Faixa de Gaza, deixando civis inocentes sem acesso a água e a luz. Nas declarações que fez esta quarta-feira no Parlamento, António Costa foi mais longe do que os líderes europeus nas referências à resposta de Israel, e foi inclusive mais longe do que Marcelo Rebelo de Sousa, que, por estes dias, em visita de Estado à Bélgica, tem aconselhado a algum “silêncio” e diplomacia, e tem evitado usar a palavra “cessar-fogo” mesmo quando apela a que não haja uma escalada do conflito.

Tanto na declaração conjunta dos 27 no domingo passado como nas declarações de Charles Michel no final da reunião extraordinária do Conselho Europeu na terça-feira, nunca o termo cessar-fogo foi invocado. Na reunião, os líderes estiveram focados na necessidade de se evitar uma escalada na região — com consequências para a UE —, em lembrar o direito de Israel a defender-se, e em pedir o respeito pela lei internacional para garantir que Gaza não se torne um banho de sangue. Mas a utilização do termo “cessar-fogo” não foi discutida, ainda que alguns países, como a Irlanda, tenham defendido durante a videoconferência que é necessário um cessar-fogo humanitário e a Bélgica já o tenha defendido. Ao que o Expresso apurou, a ausência do termo não é inocente. É que os europeus reconhecem a Israel a necessidade de destruir a capacidade militar do Hamas, considerado um grupo terrorista pela UE. Além de que está anunciada para breve uma ofensiva terrestre de Israel para tentar eliminar as cúpulas do Hamas, e, antes disso, a Europa não deverá falar a uma só voz sobre um “cessar-fogo”.