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Cavaco Silva: "O primeiro-ministro deve evitar responder em público às críticas do Presidente"

Cavaco escreve no seu novo livro que o seu artigo da ‘má moeda’, que há 19 anos ajudou à queda de Santana Lopes, "não parece ter perdido pertinência perante a realidade política a que assistimos”. “Primeiro-ministro e Governo não beneficiam de um clima de conflitualidade com o Presidente da República”, avisa o autor.

NUNO FOX

António Costa não disfarça o enfado que lhe têm provocado algumas intervenções públicas do ex-Presidente da República Cavaco Silva - em maio, acusou-o de “descer à terra enquanto militante partidário para vir animar a direita na crise política artificial que pretende criar” -, mas Cavaco não dá sinais de tencionar calar-se e acaba de passar a livro uma série de conselhos dirigidos a quem chefia um Governo, incluindo sobre a forma como um primeiro-ministro se deve relacionar com o chefe de Estado.

O primeiro-ministro “deve evitar responder em público às críticas (do PR) à política do Governo que considere injustas e reservar-se para manifestar o seu desacordo na seguinte reunião de quinta-feira ou através de um telefonema pessoal”, escreve Cavaco Silva no seu último livro “O primeiro-ministro e a arte de governo”, que será lançado esta sexta-feira, com apresentação de Durão Barroso.

Sobre o que pensa do atual Governo e do atual primeiro-ministro, a quem já sugeriu num artigo recente em plena ‘crise Galamba’ que ponderasse a demissão por ter perdido a autoridade, Cavaco Silva chega a dizer neste livro que o artigo que publicou em 2004 sobre “a boa e a má moeda” e que ajudou a precipitar a queda do Governo de Santana Lopes "não parece ter perdido pertinência perante a realidade política a que assistimos”.