Sai “de cabeça erguida” e “por vontade própria” dos comandos do PCP, mas Jerónimo de Sousa participou, na noite de sábado, ao Comité Central do partido a intenção de abandonar, não só o cargo de secretário geral, mas também os seus lugares no Secretariado e na Comissão Política do PCP. Foi na noite em que - por unanimidade - foi formalmente eleito Paulo Raimundo como líder do partido e no meio da Conferencia Nacional comunista que Jerónimo comunicou esta sua decisão.
Esta atitude de Jerónimo, que não é inédita na tradição comunista, representa uma total saída de cena do até agora secretário geral comunista dos órgãos executivos do partido, abrindo lugar a outros no desempenho das tarefas de direção assumidas ao longo dos últimos 18 anos. Tanto Alvaro Cunhal como Carlos Carvalhas, depois de abandonarem a liderança do PCP, ficaram sempre apenas com um lugar no Comité Central. Para Cunhal foi mesmo criado um cargo especial e honorífico, que acabaria logo após a morte do histórico dirigente do PCP.
As novas alterações no Secretariado e na Comissão Política podem implicar a chamada de novos quadros dirigentes a estes órgãos executivos, mas a decisão não está fechada. “A redistribuição de tarefas” terá de ser submetida a apreciação do Comité Central - o órgão máximo do partido entre Congressos - mas, segundo fonte oficial do PCP, ainda não há nenhuma reunião marcada.