Política

Rio quer ouvir Costa sobre associação russa. "O PS tem receio que se venha a descobrir que isto é mais transversal do que parece"

MANUEL DE ALMEIDA/Lusa

O presidente do PSD desafiou o primeiro-ministro a explicar se sabia ou não do envolvimento de associações pró-regime russo no acolhimento a refugiados ucranianos,.Em declarações aos jornalistas no fim da reunião da comissão política do PSD, Rui Rio não excluiu um inquérito parlamentar sobre o tema, mas acha que “agora não se justifica”.

A prioridade para Rio é ouvir António Costa. "O mais relvante é que o primeiro-ministro venha a publico, onde ele entender - no Parlamento ou fora dele - mas que venha rapidamente a público explicar se sabia ou não e o que fez se sabia" das ligações do dirigente da Associação Edinstivo, Igor Kashkin, ao regime de Putin e da sua vigilâncias pelos serviços secretos. "Tudo leva a crer que o primeiro-ministro não valorizou as informações que lhe foram dadas", acrecentou o líder do PSD, considerando que o chefe de Governo devia ter passado essas informações a vários serviços do Estado e à Câmara de Setúbal.

"Quanto mais tempo o primeiro-ministro se demorar a explicar, mais isto se arrasta e pior será para o Governo", avisa Rui Rio, que também quer perceber porque é que o PS inviabilizou várias audições no Parlamento sobre este caso, como as do presidente da Câmara de Setúbal e da secretária-geral dos Serviços de Informações.

"O PS tem receio que se venha a descobrir que isto é mais transversal do que parece", afirmou Rui Rio, fazendo referência ao facto de, já depois de ter começado a guerra na Ucrânia, o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP" e o Instituto da Segurança Social terem estabelecido colaborações com aquela associação.

Rio admitiu que, caso não sejam dadas explicações públicas por António Costa, o PSD poderá apresentar um requerimento para que o primeiro-ministro compareça a uma sessão plenária especifica, afastando a ideia de o chefe do Governo que possa responder numa comissão parlamentar, como pretende a Iniciativa Liberal. "Temos de manter a dignidade das instituições e dos cargos. O primeiro-ministro, indo ao Parlamento, responde em plenário", defendeu o líder do PSD.

Questionado se se justifica uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso, proposta pelo Chega (que sozinho não a conseguirá concretizar) esta terça-feira, Rio não excluiu essa hipótese, mas noutro momento. “A CPI é algo que se pode colocar ou não lá mais para a frente, neste momento não se justifica, justifica-se ir por uma via mais rápida, mais simples”, afirmou Rio, remantando: "O PSD pode juntar-se à criação de uma comissão de inquérito quando isso fizer sentido. Não se junta ao efeito mediático que um partido pretende."

A constituição de uma comissão de inquérito sobre este caso também já foi defendida por um dos candidatos à liderança de Rio, Luís Montenegro, enquanto o outro candidato, Jorge Moreira da Silva, tem defendido que devem ser exigidas explicações ao primeiro-ministro,