Política

Costa vai a Kiev assinar acordo de apoio financeiro à Ucrânia

O primeiro-ministro diz que nas próximas semanas haverá um “reforço” os apoios militares e financeiros à Ucrânia. Costa recusa “ilegalização” do PCP: “É algo inconcebível num estado democrático”. Sobre a polémica em torno do PCP: "A ilegalização do PCP é algo inconcebível num estado democrático”

MANUEL FERNANDO ARAUJO/Lusa

Depois de uma reunião por videoconferência com o homólogo ucraniano, o primeiro-ministro anunciou que irá até Kiev encontrar-se com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky com o objetivo de assinar um acordo de apoio financeiro à Ucrânia. António Costa não revelou qual a fatia financeira que Portugal irá disponibilizar, admitindo que não poderá ser tão elevada quanto a de outros países, mas que nas próximas semanas será trabalhado um “reforço” dos vários apoios que a Ucrânia necessita, do ponto de vista financeiro, militar e humanitário.

Nas próximas semanas haverá “oportunidade de discutir e trabalhar o reforço desses apoios para responder às necessidades imediatas quer em matéria militar quer financeira. Discutirmos também a perspetiva europeia da Ucrânia, quer o reforço das sanções à Rússia”, disse António Costa em conferência de imprensa. Ainda em cima da mesa estará uma forma de contornar o bloqueio às exportações ucranianas, uma operação logística que terá de ser iniciada a breve trecho, disse.

Apesar de estar fechada a data para a visita a Kiev, António Costa remeteu para mais tarde o anúncio, tal como não referiu a data em que a embaixada portuguesa regressará à capital da Ucrânia.

Depois da reunião, Costa disse “regozijar-se” com a “opção europeia” da Ucrânia, mas lembra que os processos de adesão à União Europeia são longos, pelo que o que é necessário é agir no imediato. Uma das acções passa pelo embargo à energia russa. Questionado se Portugal não pode ser “mais afirmativo” na defesa do embargo total ao gás russo, Costa defendeu que apesar de Portugal ter a posição facilitada nesse aspecto, por não depender energeticamente da Rússia, “há outros parceiros que não estão na mesma situação”. “Não pode ser um concurso de popularidade junto da Ucrânia”, disse. “O pior que podíamos fazer à Ucrânia era criar divisões”, insistiu.

Na conferência de imprensa, o primeiro-ministro anunciou que está a ser criada uma solução de curto prazo que passa pela utilização do Porto de Sines, para que haja forma de chegar energia aos países da União Europeia dependentes da Rússia. “Estamos a fazer o que importa: trabalhar para que as sanções possam ser aplicadas, atingindo quem devem atingir e não prejudicando quem não deve ser prejudicando”, referiu. Esta solução alternativa será instalada enquanto não esteja concluída a interconexão da Península Ibérica que permitia, referiu, que Portugal e Espanha colmatassem 30% da dependência dos países da UE da Rússia.

Não à “ilegalização” do PCP

Com o antigo parceiro debaixo de fogo pelas posições que tem assumido sobre a Ucrânia, António Costa recusou que em Portugal se vivesse num “clima de caça às bruxas” e que apesar de discordar, “temos de respeitar” o que os diferentes partidos defendem. “Da divergência política em relação ao PCP passar para a ilegalização do PCP é algo inconcebível num estado democrático”, disse. “O PCP tem uma posição diametralmente oposta da nossa. Sim, faz parte da democracia. Temos de respeitar”, frisou, como resposta à associação de ucranianos em Portugal que pede a ilegalização do Partido Comunista.