Política

Rui Rio põe "linhas vermelhas" à regionalização, quer 15 ou 16 ministérios. E concorda com Costa: estabilidade são 4 anos

Líder do PSD será favorável à regionalização se não aumentar gastos (e limitar cargos). Diz que é preciso "disponibilidade" de todos para negociar, respeitando o programa de quem ganhar. E admite dizer alguma coisa em campanha sobre quem teria num Governo do PSD. Joaquim Miranda Sarmento passa do "Centeno do PSD" para uma hipótese, entre outras

MIGUEL A. LOPES

Rui Rio não quis aprofundar o tema das negociações pós-eleitorais com o PS, nem se Costa deve dar a mesma disponibilidade que entregou ao PS: "Se eu respondo amanhã dizem, Rio não para de dizer. Se eu não respondo, dizem que eu não respondo". Mas na entrevista à RTP, esta terça-feira, acabou por dizer alguma coisa: "Vamos ter eleições democráticas. Um vai ganhar, os outros vão perder. Não havendo maioria, que é muito difícil haver, os que perdem devem ter disponibilidade para a governabilidade do país. Não quero com isso dizer que o PS me deve apoiar, não, digo que deve estar disponível para negociar", afirmou o líder do PSD, acrescentando outro ponto importante - é que negociar não pode ser ceder tudo, nem ceder em nada: "Não posso desvirtuar totalmente o programa de quem ganhou".

Insistindo que "neste momento ninguém defende" um bloco central (com os dois partidos maiores no Governo), Rio insistiu que tem de haver vontade de "negociar de forma séria". E até concordou com António Costa, quando este disse no domingo que não quer governos para dois, mas para quatro anos: "António Costa tem razão? Tem. Eu estou de acordo, mas eu não propus um acordo por dois anos. O que eu disse, ver se não me distorcem tudo, é ver se os partidos conseguem negociar os quatro anos, mas se isso não for possível, que se faça pelo menos por dois e se avalie a meio."

Depois, a regionalização. E se Costa propôs um referendo em 2024, o líder do PSD concorda. Mas com "linhas vermelhas":

Fui contra em 1997. Ficámos pior, Portugal está mais centralizado, o interior mais desertificado. Hoje tenho uma abertura à regionalização. Isto não quer dizer que sou a favor totalmente, não, depende do modelo. Há muita coisa a definir.

Assim, Rio é contra se isso significar "governos regionais", a favor se "estivermos a falar de uma autarquia regional". É contra "fazer cinco ou seis assembleias legislativas regionais", a favor se for "uma assembleia municipal maior". E sobretudo é "totalmente a favor da regionalização se controlar as finanças públicas, mas sou totalmente contra se não tiver qualquer travão ao endividamento. Tenho algumas linhas vermelhas, a maior é essa. O Estado Central é despesista. Se através da regionalização passar grande parte do OE para as entidades regionais, liberta esse dinheiro do Estado despesista", afirmou.

De resto, Rio também quer ter um Governo mais curto "e mais ágil". O jornalista perguntou-lhe com quantos ministérios e o líder do PSD hesitou, mas respondeu: "Não sei dizer de cor, não pego nisto há um tempo. Mas penso que é 15, 16 ministérios."

O que não respondeu foi à pergunta se Joaquim Miranda Sarmento, ex-assessor de Cavaco Silva em Belém que apresentou como o "Centeno do PSD" nas últimas legislativas, ainda seria o seu candidato às Finanças. "O dr Miranda Sarmento, como outras que me rodeiam, tem possibilidades de ser". Mas Rio admite, sobre eventuais ministros de um eventual Governo PSD, "dizer alguma coisa em campanha".

Quanto à coligação não concretizada com o CDS, Rio foi mais descritivo: "Eu próprio tinha dúvidas. Coloquei essa questão à Comissão Política, a maioria foi contra. Depois coloquei outra vez a questão e a grande maioria voltou a dizer que era mais vantajoso ir sozinho. Porque colocando o PSD no centro nos dá vantagem, até para conseguir captar o voto das pessoas mais moderadas". Mas para Francisco Rodrigues dos Santos ficou uma palavra de conforto: "Se fosse pelo atual presidente do CDS, eu seria favorável, tenho simpatia por ele, espero que tenha um bom resultado. Mas sou sensível à opinião da direção." E assim acabou.