Rui Rio começou a campanha interna dizendo que, se perdesse as legislativas, esta seria a sua última campanha. Mas mudou: nas últimas entrevistas, não só disse que a luta interna lhe dava um motivo para reponderar, como abriu a porta a negociar a governabilidade do país com António Costa, fosse enquanto vencedor, ou enquanto derrotado. Rio disse mais: que negociaria um acordo parlamentar que viabilizasse dois anos de governo, fazendo-se a meio da legislatura uma avaliação.
O que Rui Rio não disse, durante esta campanha, foi exatamente o que quererá fazer vingar. Seja enquanto chefe de Governo, caso ganhe as legislativas, seja enquanto líder da oposição, se ficar na sua mão negociar dois orçamentos de Estado.
O Expresso recupera aqui as ideias chave da sua moção de estratégia às diretas do PSD, que servirão de base à construção do programa eleitoral do PSD - e, portanto, das suas ideias para mudar a governação. E cruza-as com as ideias e posicionamento de António Costa e do PS.
Atenção aos pressupostos deste cenário: se o PS vencer, vai antes falar com a esquerda (e só falará com Rio se não tiver resposta positiva); e Rio, se vencer, só falará com o PS se não tiver maioria para governar à direita. Dito isto, de acordo com as sondagens publicadas, este parece ser um cenário possível para o pós-legislativas.