Foram mais de 40 minutos a ouvir o candidato e líder do PSD a delinear o seu plano de ação: de olhos nas legislativas, é preciso tirar a esquerda do poder, tirar a economia da estagnação, apoiar empresas, pôr os salários a crescer e a única forma de fazer isso é o PSD levar a votos um líder “preparado”. Logo, votar em Paulo Rangel é o mesmo que condenar o PSD a perder a “oportunidade” da sua vida. Em Câmara de Lobos, na Madeira, a plateia de mais de uma centena de militantes aplaudia. Era terça-feira, última semana da não campanha de Rui Rio para a liderança do PSD e aquela a única sessão de esclarecimentos prevista. Esclarecimentos? Uma dúvida sobre os valores da dívida do Estado, uma declaração de apoio entusiasmada, uma pergunta sobre políticas de imigração e uma sobre... o acordo ortográfico. Feito, já passa das 20h30 e há que seguir para um jantar, à porta fechada, com dezenas de ‘pivôs’ locais. É preciso afinar os motores internos para sábado.
Rui Rio aterrou na Madeira na segunda-feira ao início da tarde — altura em que Paulo Rangel entrava na sede nacional do PSD para apresentar o seu programa —, e de lá só sairia na quarta-feira ao final da manhã. Foram dois dias inteiros sempre com Alberto João Jardim por perto para minimizar estragos e recuperar vantagem. É que, se Paulo Rangel tem uma peça-chave no terreno a trabalhar para si — Rui Abreu, king maker de Miguel Albuquerque e responsável pelos mais de mil votos que Miguel Pinto Luz conseguiu na Madeira há dois anos —, as tropas de Rui Rio estão apostadas em ver o que ainda vale o jardinismo e se vale alguma coisa a Rio o PSD ter recuperado a câmara do Funchal. Para isso, foi acrescentada à já preenchida agenda uma reunião de última hora com o autarca do Funchal, Pedro Calado. Nem Alberto João faltou.