Na manhã desta sexta-feira, a 24 horas de abrirem as urnas de voto para as eleições internas do partido, os militantes do PSD receberam um SMS oficial da candidatura de Rui Rio com esta frase: “A sondagem TVI mostra que PSD ganha as legislativas se Rui Rio for líder e perde por 12% se o líder for Paulo Rangel.” A mensagem tem um problema: o conteúdo está manipulado e não corresponde à verdade. Uma viagem pelos grupos de WhatsApp laranjinhas nos dois últimos dias de campanha interna mostra como a guerra da desinformação, que tem minado outras democracias, já é uma arma política em Portugal.
À hora de almoço de quinta-feira, dia 24, os grupos do PSD já ferviam com a partilha dos resultados da sondagem TVI/CNN, que ainda permanecia desconhecida do público e que só seria divulgada nessa noite. “Está viral”, comentava durante a tarde um apoiante de Rui Rio com o Expresso. Os dois lados estavam a preparar-se há dias para a “bomba” prestes a rebentar: o inquérito que dava Rio como o mais bem posicionado para ir a legislativas contra António Costa. Os números ampliavam na perfeição a narrativa do líder do partido como o mais bem preparado para concorrer a primeiro-ministro: segundo o estudo de opinião da empresa de sondagens Pitagórica, Rio teria 32%, contra 38% de António Costa, e Paulo Rangel ficava por uns longínquos 23%, enquanto neste cenário Costa subia para 39% (resultados com a distribuição de indecisos). Apenas uma hora depois da divulgação do estudo na CNN Portugal, a candidatura de Rio enviava este SMS aos militantes: “Rui Rio é o candidato preferido dos portugueses para primeiro-ministro. E tu queres eleger o presidente do PSD ou o primeiro-ministro?”