Uma “autocrítica", uma “reflexão", ou um “sobressalto ético” no Partido Socialista, já tinham pedido os deputados Pedro Delgado Alves e Isabel Moreira, antes de a Operação Marquês ter contaminado as intervenções partidárias no 25 de Abril com referências à corrupção (só o interveniente do PS, Alexandre Quintanilha, não o fez). No dia seguinte, o ex-ministro João Cravinho criticou António Costa por se abster de tomar posição sobre José Sócrates e citou Marcelo, no “Polígrafo/SIC”, apelando ao PS para “olhar para o passado sem contemplações”. Mas recebeu uma resposta da deputada Constança Urbano de Sousa, que o acusou de ter a "memória afetada” quanto aos pergaminhos socialistas no combate à corrupção. E isso levou Manuel Alegre a classificar, ao Expresso, essas declarações como ”um insulto” ou uma ”canalhice”. Com o caldo entornado, o PS oficial puxou dos galões quanto às leis anticorrupção que vai propor ao Parlamento, e a líder parlamentar, Ana Catarina Mendes, reconheceu, na TVI, depois de pressionada pelos colegas da “Circulatura do Quadrado” ser ”uma vergonha" ir para a política "para enriquecer”: ”Devemos estar atentos a esse tipo de cultura dentros dos partidos”, acabou por admitir, mantendo os argumentos para não comentar politicamente o caso Sócrates.
O próprio Pedro Delgado Alves, deputado socialista na Comissão da Transparência, já tinha assumido no programa “Sem Moderação”, do Canal Q, que “o PS não teve defesas” para prevenir o caso Sócrates, nem “campainhas suficientes" a soar “para o impedir”. Mas para estarem ”atentos”, devem os partidos ter um sistema de alertas para escolher candidatos com base em critérios éticos? Se o PS não tem debatido a existência destes filtros internos, o PSD aprovou uma moção, no último Congresso, para ser criada uma comissão interna de ética, mas a ideia não chegou a ser implementada pela direção.