Ao final da tarde de terça-feira, depois de percebidos os motivos das buscas da Polícia Judiciária a edifícios da Câmara Municipal de Lisboa, o candidato da coligação PSD/CDS à autarquia enviou um comunicado às redações em que se lia o nome que hoje assombra o PS.
“Não são apenas os comportamentos do ex-primeiro-ministro José Sócrates que corroem o funcionamento da democracia”, escreveu Carlos Moedas, antes de se mostrar preocupado com a “suspeita em volta da atuação política na CML”.
Ao comunicado, a concelhia de Lisboa do PS responde com outro. E as palavras não são meigas. “Em tão pouco tempo, já desistiu de apresentar ideias, ou do que garante repetidamente ser uma nova forma de fazer política, pela positiva”, lê-se na nota. Para o PS lisboeta, “os auto-proclamados ‘novos tempos’ trouxeram afinal o pior da velha política”. E Carlos Moedas fica assim “apresentado aos lisboetas”.
Além da referência ao que “corrói a democracia”, Moedas tornou clara a comparação entre o caso Sócrates e estas buscas na Câmara ao dizer que estas levam a uma potencial “perda de toda a credibilidade” da autarquia junto dos munícipes e ao revelar-se contra uma cultura que “dá amparo aos (muito poucos) que, à custa do interesse público, exercem o poder em benefício próprio ou dos seus próximos”.
O PS retalia com a falta de ideias sobre “o futuro da cidade em mais de dois meses de campanha”, vendo nas palavras de Moedas um recurso “às insinuações” e uma tentativa de “tirar proveito de um processo de recolha de informação, na sequência de denúncias e sem que alguém tenha sido constituído arguido”.
O PS de Lisboa reforça ainda uma ideia repetida por Fernando Medina, de que parte das denúncias que constam da agora designada “Operação Olissipus”, foram feitas pelo próprio executivo. É o caso do negócio das obras para a Segunda Circular, que a CML fez cair, e será, garantiu o autarca, o da piscina da Penha de França, um diferendo entre a Câmara e uma empresa que estava incumbida das obras de reabilitação do espaço.
As restantes investigações partiram de outras denúncias - ou do próprio Ministério Público.