Política

Carlos Moedas lembra Sócrates e diz que suspeitas sobre gestão em Lisboa “corroem a democracia”

Em reação às buscas da PJ na Câmara de Lisboa, o candidato Carlos Moedas afirma que "o sistema não deve funcionar de forma pouco transparente, com base em favores e amiguismos" e lembra o caso de José Sócrates para dizer que não é só o comportamento do ex-PM que "corrói a democracia"

António Pedro Ferreira

"Não são apenas os comportamentos do ex-primeiro-ministro José Sócrates que corroem o funcionamento da democracia". É desta forma que o candidato autárquico Carlos Moedas reage às buscas desta manhã da PJ à câmara municipal de Lisboa (CML), comparando um caso e outro e condenando ambos. "A suspeita em volta da atuação política na CML também corrói e, a confirmar-se, revela uma forma de governar a cidade que considero absolutamente inaceitável", diz em comunicado enviado às redações.

No entender de Carlos Moedas, "há vários anos" que a gestão urbanística da cidade de Lisboa tem motivado "suspeitas" sobre a prática política da câmara. Uma prática que, diz, revela-se "pouco transparente" e "com base em favores e amiguismos".

"Enquanto o processo de investigação evolui, há uma sombra que paira sobre a prática de atos quotidianos da maior relevância e centenas de funcionários municipais ficarão fortemente desmotivados no exercício das suas funções. Em paralelo, os munícipes, particulares ou empresas, serão vítimas do ambiente de suspeição e receio que se instalará", diz Carlos Moedas sublinhando que a investigação em curso levanta uma "sombra" sobre a política de gestão na câmara municipal de Lisboa que "mina a confiança" dos cidadãos e dificulta a resolução dos problemas.

Ou seja, diz Carlos Moedas, uma investigação deste género leva, em última análise, à "perda de credibilidade" da câmara junto dos munícipes. E é contra aquilo que diz ser uma "cultura de irresponsabilidade política que corrói o funcionamento da nossa vida democrática e dá amparo aos que exercem o poder em benefício próprio ou dos seus próximos" que Carlos Moedas diz que vai combater. A comparação com os comportamentos de José Sócrates fica feita.

A PJ fez esta terça-feira no total 10 buscas domiciliárias e 18 não domiciliárias relacionadas com a secção de urbanismo da câmara de Lisboa, distribuídas entre Lisboa, Sintra, Cascais, Caldas da Rainha e Alvor. Em causa está uma investigação que visa várias operações urbanísticas e empreitadas que foram alvo de denúncias nos últimos anos. Em comunicado, a PJ diz que estão em causa suspeitas de práticas criminosas no exercício de funções públicas.