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Testes, transportes públicos, controlo de fronteiras. A pressão dos especialistas e partidos sobre o Governo para desconfinar

Epidemiologistas e peritos deram ao Governo o que Costa tinha pedido: critérios claros para começar a desconfinar e linhas vermelhas para travar desconfinamento no futuro. Mas também deixaram alertas, que devem funcionar como auxiliares de memória: não basta desconfinar em função dos números, é preciso monitorizar, testar (e testes rápidos não chegam porque não detetam novas variantes), reforçar os transportes públicos e ter sempre em vista o número de internados em cuidados intensivos. Os partidos ouviram e aproveitaram as notas para manterem a pressão sobre Costa.

TIAGO MIRANDA

A ordem é para começar a abrir, mas com mão de ferro. Segundo os especialistas ouvidos na sede do Infarmed esta segunda-feira, as projeções indicam que a 15 de março possam estar reunidas as condições para começar a aliviar a mola. E que condições são essas? Um número de novas infeções perto de 60 por 100 mil habitantes; uma taxa de ocupação de UCI próxima do limite desejável (242); uma taxa de positividade de casos inferior a 4%; um rastreio nas primeiras 24 horas na ordem dos 100% e um atraso na notificação dos casos confirmados a rondar os 10% -- não mais do que isso.

Mas não basta seguir os números, o Governo tem também de ter atenção a outras variáveis, como a testagem massiva, o rastreamento, a monitorização, os cuidados nas escolas ou o reforço dos transportes públicos. E foi nesse sentido que os especialistas ouvidos no Infarmed deixaram alguns recados para o Governo não se esquecer. Sobretudo porque a tendência de descida do índice de transmissibilidade (o Rt) está a perder força.

As notas deixadas pelos peritos acabaram por ser aproveitadas pelos partidos para manterem a espada em cima da cabeça de António Costa. Os partidos com assento parlamentar, bem como os parceiros sociais, ainda vão ser ouvidos antes que o Conselho de Ministros tome a decisão final, na quinta-feira.