Política

Caso do procurador europeu. Rangel, Poiares Maduro e Baptista Leite não vão apresentar queixa contra Costa

Direção do PSD considerou que a acusação de Costa de que os três sociais-democratas lideram uma “campanha internacional” contra o país justificava uma participação ao Ministério Público, mas nenhum dos visados pelo primeiro-ministro tenciona avançar para a Justiça

Paulo Rangel
Rui Duarte Silva

A direção do PSD sinalizou estar disponível para apoiar Paulo Rangel, Miguel Poiares Maduro e Ricardo Baptista Leite, caso os três sociais-democratas decidissem avançar com uma queixa-crime contra António Costa, mas nenhum dos visados pelo primeiro-ministro avançará nesse sentido.

O líder do executivo acusou o eurodeputado, o antigo ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional de estarem a aproveitar o caso da nomeação do procurador José Guerra para denegrir a imagem externa de Portugal durante a presidência do Conselho da União Europeia (UE) e acrescentou que o deputado que tem sido a principal voz do PSD nas questões da covid-19 tinha adotado a mesma estratégia que os companheiros no que respeita à gestão da pandemia.

"Aprecio e agradeço a solidariedade do meu partido, mas não tenciono apresentar qualquer queixa-crime. Acredito que em democracia não há forma mais forte de censura do que a tem lugar na política", escreveu Poiares Maduro na sua conta oficial no Twitter. Rangel aproveitou a publicação para sublinhar que manteria a questão na esfera política, tal como deixara claro, momentos antes, em declarações à SIC Notícias.

Baptista Leite não foi tão categórico. No entanto, à CMTV, também deixou implícita a ideia de que o assunto não ganharia dimensão judicial. Considerando "vergonhoso" aquilo que foi dito pelo primeiro-ministro, o deputado defendeu que um primeiro-ministro acusar "qualquer cidadão de trair a sua pátria" já seria "imperdoável" em tempos de normalidade, tornando-se ainda mais grave "perante uma pandemia absolutamente descontrolada".

Para o vice-coordenador da Saúde do Conselho Estratégico Nacional do PSD, os ataques de Costa "demonstram, mais do que nunca, que o primeiro-ministro precisa de ajuda perante o desnorte" no combate à pandemia e recomendou-lhe, por isso, humildade e descanso para "perceber que falhou" e que "não pode fazer uma gestão política da pandemia", mas, sim, científica.

Estas posições surgiram pouco depois de a Comissão Permanente, órgão de direção mais restrito de Rui Rio, ter considerado que as declarações de Costa, desprovidas de "justificação ou fundamentação", foram "um exercício delirante e inaceitável" e obrigavam a uma "imediata tomada de posição". No comunicado enviado às redações, o PSD sublinhava mesmo que "a acusação individualizada" a "três destacados militantes" agravava a "irresponsabilidade" e justificava "a apresentação de uma queixa crime contra o primeiro-ministro, junto do Ministério Público".