O Presidente da República esteve esta segunda-feira a ouvir os partidos sobre a renovação do estado de emergência por mais sete dias e a intenção é que as regras se mantenham como até aqui - com aprovação já garantida pelo PS e PSD. Ou seja, que esta constitua apenas uma renovação "técnica" até haver mais dados, na próxima semana, e possa decidir para um período mais alargado.
Mas a concretização que o Governo vai dar a esse decreto só ficará fechada na reunião do Conselho de Ministros de quinta-feira e esta terá interesse acrescido: há concelhos, como Lisboa e Porto, que saíram do nível de risco mais elevado da lista da Direcção-Geral da Saúde (resta saber se isso aconteceu efetivamente ou porque há menos dados disponíveis por causa das festas e dos fins de semana prolongados) e cabe agora ao Governo decidir se muda os mapas de risco e, como consequência, se mantém as regras para estes concelhos ou se as alivia.
Nas reuniões em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa não foi a este detalhe e resumiu as suas conversas com os diferentes partidos, apurou o Expresso junto de várias fontes partidárias, à intenção de fazer esta renovação do estado de emergência por apenas sete dias, para que na próxima semana, com mais informação, pudesse reavaliar o período seguinte, que inclui as eleições presidenciais. No dia 12 irá realizar-se a habitual reunião com os técnicos e é esse o momento que o Presidente espera para tomar outras medidas de resposta a um possível aumento dos casos como resultado das festas do final do ano - assim como o que resulta dos dados disponíveis, uma vez que houve uma redução drástica dos testes no Natal e Ano Novo.
Tal como Marcelo Rebelo de Sousa, o Governo espera para ver os efeitos dos convívios de Natal e da passagem de ano que podem começar agora a ver-se, mas que só se manifestará durante os próximos dias. Ou seja, esta prorrogação do estado de emergência "será meramente técnica para aferir esse eventual efeito", diz ao Expresso fonte do Governo.
Contudo, surgiu entretanto uma incógnita. Também esta segunda-feira a Direcção-Geral da Saúde fez uma atualização dos mapas de risco concelhios e concelhos muito populosos como Lisboa, Porto ou Almada passam de risco "muito alto" para risco "alto", com casos entre os 240 e os 480 por cem mil habitantes. Esta passagem não significa uma saída automática das regras mais apertadas, depende ainda da decisão do Governo.
E esta é uma decisão que pode ser tomada em dois momentos diferentes: ou na quinta-feira, o que faria com que estes concelhos saíssem das regras mais apertadas já no novo estado de emergência (de 7 a 14 de Janeiro); ou só depois, na próxima semana, na reavaliação que será feita com os técnicos, já com dados mais atualizados (para entrar em vigor depois de dia 14). Quando será, o Governo ainda não decidiu, será um dos temas da reunião da próxima quinta-feira.