Política

António Costa no primeiro dia do novo estado de emergência: foi preciso "escolher o mal menor"

O primeiro-ministro foi à cerimónia de adjudicação das obras para o novo hospital central do Alentejo, em Évora, salientar o investimento público, mas deixou o aviso que "o país não é rico nem enriqueceu".

TIAGO PETINGA/LUSA

Foi, mesmo que a espaços, um discurso com vários avisos aquele que António Costa fez esta manhã em Évora, no primeiro dia do estado de emergência. O primeiro-ministro foi ao Alentejo lançar a adjudicação da obra do futuro hospital central da região e deixou recados não só no que à gestão da crise sanitária diz respeito como também na resposta à crise económica. E estes dois lados cruzam-se. O primeiro-ministro defendeu que "há mais vida além Covid", mas que "não vamos sair disto sem dor" e que agora é preciso "lutar para aumentar a capacidade" do Serviço Nacional de Saúde, mas a primeira luta "é para travar esta pandemia" e isso cabe em primeiro lugar a cada um de nós. Já no plano económico, enquanto lançava a obra, ia avisando que não há dinheiro para tudo: "O país não era rico e não enriqueceu, mas temos de mobilizar os nosso recursos para fazer este investimento", disse.

No dia em que parte do país está sujeito a novas regras de confinamento, como o recolher obrigatório das 23h às 05h, António Costa foi defendendo a sua opção. Lembrando que o confinamento geral teria "custos muito grandes" para vários setores de atividade, que têm hoje mais 100 mil desempregados, foi preciso "escolher o mal menor", optando pelo confinamento durante a semana à noite e durante as tardes dos fins de semana. "Não vale a pena termos a ilusão que enfrentamos esta pandemia sem dor", referiu.

Também do lado da gestão da crise económica, o primeiro-ministro foi lançado alertas. A obra do hospital de Évora é uma das exigências que saltam a cada novo conjunto de medidas pedidas pelo PCP - ainda para mais em ano autárquico - e terá agora uma evolução, garantiu António Costa. Na semana em que os partidos vão entregar as suas propostas para as mudanças no Orçamento do Estado, António Costa foi referindo que, apesar de defender uma política diferente da que foi seguida pela direita, o bolso tem fundo.

O objetivo da negociação orçamental, tem de passar mais pelo PCP, do que pelo BE, e este dia foi uma demonstração disso: "Na outra crise se suspendeu este hospital, esta crise adjudicamos este hospital. O Estado tem de mobilizar os seus recursos, que não são ilimitados, mobilizar os recursos europeus, que também não são ilimitados, e contribuir para a recuperação do país".

A mensagem em Évora foi clara: é preciso tratar da emergência, mas ainda "investir além daquilo que é a emergência ligada à Covid" até porque o Serviço Nacional de Saúde "já carecia de outros investimentos antes de a Covid existir". Por isso, defendeu António Costa, é preciso investir num "aumento do investimento público inadiável" na saúde, educação ou infraestruturas de mobilidade.