O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e o secretário de Estado da Energia, João Galamba, estão no centro de uma investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) por causa do hidrogénio verde, relacionada com a inclusão de um mega-projeto que junta EDP, Galp e REN para um potencial investimento em Sines, avança esta quinta-feira a revista Sábado.

A Sábado escreve que "ambos os governantes estão sob apertada vigilância das autoridades judiciais e policiais porque fazem parte do grupo de alvos principais num inquérito-crime que averigua indícios de tráfico de influência e corrupção, entre outros crimes económico-financeiros".

Contactado pelo Expresso, o Ministério da Economia respondeu que "não tem conhecimento de qualquer investigação" a que o nome de Pedro Siza Vieira "esteja associado".

A revista indica que a investigação do Ministério Público partiu de uma denúncia que "alertava essencialmente para suspeitas de favorecimento de grupos empresariais" no quadro da estratégia nacional do hidrogénio.

Recorde-se que, no quadro dessa estratégia, o Governo promoveu uma seleção de projetos de interesse comunitário para apresentar a Bruxelas, de forma a que Portugal concorra a um pacote de financiamentos europeus a novos projetos de hidrogénio verde.

Um dos projetos selecionados, que terá um caráter estruturante, integra a EDP, Galp, REN, Martifer e a dinamarquesa Vestas e visa estudar um potencial investimento numa unidade de até 1 gigawatt de hidrogénio verde em Sines, a produzir com recurso a eletricidade de origem eólica e solar.

Em junho o secretário de Estado da Energia, João Galamba, afirmava em entrevista ao Expresso que não temia pelas suas decisões. "Quem quiser pode investigar o que quiser. Mas não temo pelo conteúdo das minhas decisões", declarou, sobre as suspeitas do Ministério Público relativas ao sector energético, ainda sem se saber desta investigação do hidrogénio.

No quadro da estratégia para o hidrogénio o Governo estima que até 2030 haja investimento privado de mais de 7 mil milhões de euros, que será suportado por apoios de 900 a 1000 milhões de euros, que virão de duas vias.

Metade dos apoios subsidiarão o custo de produção do hidrogénio verde até que seja competitivo com o preço do gás natural, vindo esses apoios previsivelmente do Fundo Ambiental, para não onerar os consumidores de gás natural

A outra metade serão apoios ao investimento, aos quais as empresas poderão concorrer através dos fundos dos programas Portugal 2020 e Portugal 2030.

Atualizado às 9h30 com resposta do Ministério da Economia