Ao fim de 25 anos, José Tavares deixou o cargo de diretor-geral do Tribunal de Contas e assumiu um cargo numa secção de um tribunal, como um juiz comum. Na hora da saída, em fevereiro deste ano, foi alvo de um louvor público do presidente do tribunal, Vítor Caldeira, que não poupou nos elogios: "A carreira do Senhor Conselheiro José Tavares confunde-se com a história das últimas décadas do Tribunal de Contas. É uma carreira longa, recheada de sucessos, tendo desempenhado sempre as suas múltiplas funções com a máxima lealdade, dedicação, integridade e elevação".

Segundo o Observador, Vítor Caldeira afastou José Tavares dos cargos que ocupava há 25 anos "em nome da renovação" e substituiu-o por Paulo Nogueira da Costa, o atual diretor-geral. No louvor que publicou no Diário da República, Vítor Caldeira lamentou que tivesse de fazer um "reconhecimento necessariamente sucinto" em seu nome " e em nome da instituição" e expressou o "mais profundo" agradecimento e a mais "levada gratidão" pelo homem que colocou na 2.ª secção do tribunal.

Sete meses depois, usando o mesmo argumento da "renovação", António Costa telefonou a Vítor Caldeira para lhe dizer que não contaria com ele para um segundo mandato, ao contrário do que sempre aconteceu com os presidentes do Tribunal de Contas. A cessação de funções teria efeitos imediatos. O telefonema foi feito no final da semana passada, mas Vítor Caldeira ainda participou nas cerimónias do 5 de outubro na qualidade de presidente da entidade que fiscaliza a utilização dos dinheiros públicos.

No dia seguinte, o Expresso divulgava o nome do novo presidente do Tribunal de Contas: José Tavares, apresentado como uma solução de continuidade.