Política

Drink? “A situação da Cultura exige da comunicação social seriedade”, diz Graça Fonseca

Em entrevista à SIC, Graça Fonseca foi questionada sobre se tem condições para continuar no cargo. “É muito curioso que seja nesta semana que me coloca esta pergunta”. A ministra diz que, cinco meses depois, vai lançar um apoio social complementar para todos os trabalhadores do sector da Cultura. E garante que a preocupa a situação das pessoas que não têm dinheiro para comer: “A situação é muito difícil”

TIAGO PETINGA/LUSA

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, não gostou da polémica desencadeada na segunda-feira, quando recusou responder a uma jornalista da SIC sobre a iniciativa do grupo informal União Audiovisual, que está a apoiar com bens alimentares mais de uma centena de trabalhadores do sector por semana. E numa entrevista ao Primeiro Jornal, na SIC, esta sexta-feira, pediu outros cuidados... à comunicação social: “A situação que a Cultura vive é muito grave e exige da comunicação social responsabilidade e seriedade”.

Numa dura entrevista conduzida por Bento Rodrigues, Graça Fonseca tentou por várias vezes defender-se das críticas de que tem sido alvo. Fê-lo relativamente à própria jornalista que fez a pergunta na segunda-feira ("a sua colega jornalista não me incomoda. Faço relações públicas há 20 anos, aprendi a respeitar todos. Nenhum jornalista me incomoda"). Mas também face à sua recusa em responder à questão em causa e ter convidado a comunicação social para beber um drink (à margem da apresentação das 65 obras de arte contemporânea para a coleção do Estado, que aconteceu na segunda-feira no jardim do Museu Nacional de Arte Antiga): "A situação que a Cultura vive é muito grave", repetiu, dizendo por várias vezes que já estava anunciado pelo Governo que lançará um apoio especial para o setor na segunda-feira.

De resto, foi também nesse reforço orçamento (70 milhões para os próximos seis meses, o que classificou como "histórico") que se refugiou para responder à pergunta sobre se tem condições para continuar no cargo. "É muito curioso que seja nesta semana que me coloca esta pergunta".

Graça Fonseca garantiu que está preocupada com a situação dos trabalhadores do sector que estão em dificuldades. "Claro que me incomoda o facto de pessoas estarem a passar mal. Incomoda a ministra da Cultura, como incomoda qualquer pessoa. A situação é especialmente grave na Cultura porque existem, há demasiados anos, carreiras contributivas muito irregulares e as respostas têm que ser agora com apoios sociais", sustentou.

De acordo com a ministra, durante o Estado de Emergência houve outros apoios gerais que também estiveram à mão destes trabalhadores, os que foram atribuídos apoios pela Segurança Social aos trabalhadores independentes. Mas uma vez que a maioria recebia apenas 219 euros a tutela decidiu lançar a primeira linha de apoio ao sector em junho, vários meses depois de começar a crise e de o setor ser obrigado a parar. "Estamos a falar de um período e de um tempo que ninguém estava à espera", insistiu, negando-se a explicar porque não foram atribuídos mais apoios de emergência ao sector.

Graça Fonseca recusou, mais uma vez, responder quantas pessoas do sector a União Audiovisual está a apoiar com comida, sublinhando que serão "dezenas de milhares" que beneficiarão da linha de apoio social de 34 milhões de euros lançada pelo Governo.