Em tempos de pandemia, como foi a preparação para a época de incêndios? Depois de uns meses de tréguas, esta semana já foram registados vários incêndios de grandes dimensões, há vítimas mortais a lamentar e vários feridos, dois deles em estado grave. Três anos depois dos grandes fogos de Pedrógão Grande e de 15 de Outubro, há várias medidas que ainda não viram a luz do dia. O Observatório Técnico Independente (OTI), chamado pelo Parlamento para fiscalizar o cumprimento do plano contra os incêndios tem lançado vários alertas. Aqui ficam as preocupações de José Manuel Moura, do OTI, antigo Comandante Nacional Operacional da Protecção Civil.
Como está a ver este início de verão?
Com natural preocupação. A equação dos incêndio rurais é complexa e há variáveis que não se controlam, tais como as condições meteorológicas, que neste mês de julho teimam em fazer-se notar. A prevenção estrutural terá que fazer o seu caminho e irá manifestar-se em resultados práticos daqui a 15 ou 20 anos, pese o facto de legislação significativa que tem sido produzida para o sector. O combate é um pilar sempre presente, de uma generosidade gigante, com um peso determinante dos Bombeiros. A prevenção operacional é aquela que me parece que está a ser responsável por alguns resultados mais conseguidos em 2018 e 2019. A mobilização nas “limpezas”, uma vigilância ativa, tem levado a uma redução do número de ignições e é por aqui que se pode ir ganhando algumas batalhas, atendendo que um dispositivo formatado para combater 300/400 ignições por dia, o mesmo dispositivo consegue uma disponibilidade maior para enfrentar as cerca de 100 que agora se verificam.