Política

Marques Mendes. O plano do Governo é uma "aspirina" e o do PSD "uma agradável surpresa"

O comentador da SIC apontou os defeitos ao programa de estabilização apresentado pelo Governo e enalteceu as propostas de Rui Rio. Não é sequer "um antibiótico". E disse que as autoridades acordaram tarde para a os focos de Covid-19 em Lisboa.

Rute Carvalho

Expresso

O Plano de Estabilização Económica e Social do Governo "soa a uma certa desilusão, esperava mais", apontou Luís Marques Mendes no seu comentário deste domingo na SIC. Para o analista social-democrata, o primeiro-ministro apresentou um plano que é "uma asprina, não é um anti-inflamatório e muito menos um aintibiótico". E elogiou o programa do PSD por ser uma boa surpresa com medidas "ambiciosas" - só criticou a forma como foi apresentado.

Marques Mendes acha que o plano do Governo tem "medidas na dimensão certa", mas sofre de vícios: "Um aglomerado de pequenas medidas", falta de coerência e "rumo" por ter "umas medidazinhas para agradar ao BE, outras para ir de encontro ao PSD". E ainda o anúncio do Banco de Fomento, anunciado no tempo de Passos Coelho, mas que nunca se tornou uma realidade: "Chega de repetir promessas, já não há paciência para o Banco de Fomento", apontou, e lançou o desafio: "Façam! Pago para ver!" Marques Mendes também considerou "indigente" o que está no programa sobre Justiça, por não vislumbrar um esforço de desburocratização. Só o facto de ter três regimes de lay-off, alimenta a burocracia: "Isto vai ser bom para advogados", argumentou o comentador e advogado.

O analista ainda sublinhou haver sócios-gerentes de empresas que "ao fim de três meses ainda não receberam um euro", lembrou que os seguros de exportação continuam parados no gabinete de Mourinho Félix nas Finanças e sugeriu: porque é que não diz que o "pagamento do Estado fornecedores passa a ser a 30 dias", para as empresas terem liquidez?

O ex-líder do PSD, muitas vezes crítico de Rui Rio, classificou as medidas apresentadas pelo partido esta semana como "uma agradável surpresa". O próprio Marcelo Rebelo de Sousa já tinha enaltecido a iniciativa do PSD, depois de um almoço com Rui Rio, ao dizer que o plano era a médio prazo (o do Governo é para seis meses). "Joaquim Miranda Sarmento" - o porta-voz das Finanças do PSD - "merece um elogio grande". No entanto, Mendes considerou que "a mensagem foi muito mal vendida".

Um alegado "mal estar" no Governo por causa da nomeação de António Costa Silva também foi mencionado pelo comentador, que acha uma "mais-valia" o PM ter um conselheiro com uma visão de fora. Os ministros que acham o contrário é porque têm uma visão de "apparatchick". Ainda falou de outro foco, entre António Costa e Pedro Nuno Santos, por causa da TAP: "Um conflito entre os dois é péssimo para ambos. É péssimo dar a imagem de que não tem um Governo coeso". O comentador considerou que o minsitro tem razão por querer reforçar os poderes do Estado do conselho de administração, algo que "o primeiro-ministro não quer".

Caso Maddie: a PJ pode recuperar a imagem

O ex-líder do PSD começou o comentário debruçando-se sobre o infindável caso da menina inglesa Maddie, desaparecida há 13 anos numa casa de férias no Algarve. No seu entender, esta história pode ter uma face positiva, que é conclusão do caso para a família poder encerrar o assunto, mas tem uma outra negativa: o prestígio da Polícia Judiciário. “A PJ não saiu bem há 13 anos. Não é o facto de não ter tido sucesso na altura. Há muitas investigações que não têm sucesso, mas neste caso ficou a ideia em muito boa gente que a qualidade daquela investigação foi deficiente, que não se exploraram todas as pistas que havia a explorar a tempo e horas”. Por isso Marques Mendes vê na reabertura deste processo uma oportunidade para as autoridades portuguesas, ao colaborarem com a Alemanha, “melhorarem a imagem no presente e no futuro”.

Os casos de Covid em Lisboa: autoridades acordaram tarde

Marques Mendes começou por dizer que, neste capítulo do combate à covid-19 na zona de Lisboa, “as autoridades acordaram um bocadinho tarde” mas finalmente “estão com mão firme a aumentar os testes e a fiscalização”. O comentador da SIC muniu-se de quadros para explicar a evolução dos novos casos em Lisboa (90,5% apenas entre o sábado passado e ontem, dia 6) e mostrou como apenas cinco dos concelhos mais afetados do país (Lisboa, Loures, Odivelas, Sintra e Amadora) são responsáveis por mais de metade da totalidade de novos casos em Portugal nas duas últimas semanas.