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Política

A TAP conseguiu um raro consenso político: todos contra os gestores

A companhia aérea agoniza com as paralisações impostas pela pandemia. O sector vive a maior crise de sempre, mas a TAP tinha problemas antigos e o poder político está agora a jogar com isso. A guerra entre Estado e privados saiu da mesa das negociações e anda agora na praça pública.

MÁRIO CRUZ/LUSA

A música que ainda se ouve na TAP foi um hit lançado com estrondo em 2016. António Costa empunhou a bandeira do novo acordo - em que o Estado ficou com 50% da empresa, mas não entraria na gestão do dia-a-dia - e que foi visto como um dos seus primeiros sucessos no arranque da governação. A música ainda continua a tocar. Mas agora, a pandemia desafinou (mais) os resultados da empresa, provocou uma queda inimaginável nas receitas, mandou quase nove mil trabalhadores para o layoff e o Governo quer mudar o disco.

Primeiro, houve desentendimentos entre o ministro que tutela a pasta, Pedro Nuno Santos, e o primeiro-ministro sobre qual seria o tempo de entrada, o ritmo e o género da nova melodia. Já no ano passado, Pedro Nuno Santos, tinha criticado a gestão da TAP em público, considerando inaceitável o pagamento de prémios, em ano de prejuízos, dando apenas a uma pequena parte dos trabalhadores: 180.

O ministro das Infraestruturas voltou à carga este ano com a perspectiva de o acionista privado insistir na entrega de prémios em 2020, apesar de 2019 ter sido, de novo, um ano com prejuízos acima dos 100 milhões de euros. Desta vez, Pedro Nuno Santos falou “em falta de respeito” pelos trabalhadores e disse que tinha comunicado à gestão que não iria permitir que isso acontecesse. As críticas diretas à gestão da TAP fizeram-se sentir sempre que a companhia vinha à baila, com o ministro a dizer que o plano estratégico não estava a ser cumprido pela equipa de Antonoaldo Neves, o presidente executivo, e que as promessas de lucro tardavam em chegar.