Política

OE2020. FESAP lamenta reunião com sindicatos após votação final do orçamento

"Não podemos aceitar que primeiro se aprove para depois corrigir. Estamos disponíveis para negociar, mas exigimos uma negociação séria", disse o secretário-geral da Fesap, José Abraão

José Abraão, da FESAP
Inácio Rosa/Lusa

A Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap) lamentou esta sexta-feira que o Governo tenha convocado os sindicatos para voltar a negociar aumentos salariais com data posterior à aprovação do Orçamento do Estado e diz que mantém greve.

"Não podemos aceitar que primeiro se aprove para depois corrigir. Estamos disponíveis para negociar, mas exigimos uma negociação séria", disse o secretário-geral da Fesap, José Abraão, referindo que mantém, no entanto, a expectativa de que o Governo possa vir a realizar este processo antes de 6 de fevereiro, data da votação final global do Orçamento do Estado para 2020 (OE2020) no parlamento.

José Abraão falava, em declarações à agência Lusa, depois da ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, ter afirmado esta sexta-feira no parlamento, em resposta à deputada do PSD, Carla Barros, no âmbito da discussão na especialidade da proposta de OE2020, que o Governo convocou as estruturas sindicais da administração pública para voltar a negociar a proposta de os aumentos salariais para este ano, de 0,3%.

Na convocatória recebida pelos sindicatos, a que a Lusa teve acesso, o Governo convocou as estruturas sindicais da administração pública para negociar os salários no Estado no dia 10 de fevereiro para uma reunião de negociação coletiva e define dois pontos de discussão: salários e protocolo negocial - Quadro Estratégico para a Administração Pública (2020-2023).

José Abraão afirmou ter ficado "surpreendido" com a data escolhida pelo Governo para reunir com os sindicatos e com "a ausência de uma nova proposta", depois de o executivo ter proposto aumentos "ofensivos" de 0,3% e que motivaram já a convocação de uma greve nacional para dia 31.

"Mantemos, e com maior determinação ainda, a greve de dia 31", sublinhou o dirigente, referindo que o Estado está a dar "um mau sinal" e "um mau exemplo" ao país.

"Se não há nada a esconder, a negociação sindical terá de ser antes de fechar o Orçamento do Estado. Exigimos transparência, clareza e boa fé", disse.

José Abraão lembra que, além dos aumentos salariais, será necessário corrigir as injustiças relacionadas com os assistentes técnicos, operacionais e superiores.

Recordou ainda que a Fesap, estrutura afeta à UGT, apresentou uma contraproposta onde baixou de 3,5% para 2,9% a sua proposta de aumentos salariais para 2020, com aumento do valor do subsídio de refeição e das ajudas de custo sobre a qual ainda não obteve qualquer resposta.

A Federação anunciou na terça-feira uma greve nacional para dia 31 contra a proposta de OE2020, que coincide com o dia da manifestação nacional marcada pela CGTP e a Frente Comum, e com a greve de professores convocada pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

A proposta do OE2020 foi aprovada em 10 de janeiro na generalidade (votos a favor dos deputados do PS, abstenções de BE, PCP, Verdes, PAN, Livre e três deputados do PSD da Madeira, e contra de PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal), estando agora a ser discutida na especialidade.