Política

Rio simpatiza com a ideia de fazer primárias no PSD, mas não tem solução legal

Presidente do PSD até gostava de ser eleito por pessoas de fora do partido, mas reconhece que não vê forma de aplicar a solução, tendo em conta os estatutos. E promete aperfeiçoar soluções para o pagamento de quotas

TIAGO PETINGA

Rui Rio vê com “simpatia” a ideia de fazer primárias no PSD já em janeiro e até teria “muito gosto” em concorrer numas eleições deste tipo, já que considera que a sua força “vem de fora” do partido. Só “não está a ver” como é que isso seria possível, segundo os estatutos do PSD. Mas está aberto a sugestões.

A ideia foi lançada pelo próprio presidente do PSD enquanto falava aos jornalistas, no rescaldo da sua eleição como líder da bancada parlamentar laranja. E acabou por resultar numa declaração longa, dadas as dúvidas que Rio admitiu ter sobre a forma como um processo destes aconteceria, uma vez que as regras do partido não admitem essa hipótese.

“Se a ideia é a de abrir a eleição não só a todos os militantes, mesmo sem quotas pagas, e - digo eu agora - abrir, como o PS fez, inclusive a simpatizantes que se queiram inscrever e votar livremente, se houver soluções legais para isso, até acho que o partido poderia fazer, de longe a longe, essa abertura”. Mais: esse longe a longe, que Rio propõe ser “de dez em dez ou quinze em quinze anos”, até poderia aplicar-se já nas eleições internas de janeiro, em que vai concorrer contra (pelo menos) Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz.

E como pretende Rio contornar a questão formal que impede que o processo aconteça no PSD? “Eu é que não estou a ver como é que é possível resolver, mas entendo que era saudável” e “teria todo o gosto nisso”. Até porque Rio conta com apoios de quem não é militante mas simpatiza consigo: “Há quem diga que a força vem de dentro, a minha vem de fora”, explicou.

A semi-proposta veio na sequência das perguntas sobre o complexo sistema criado pela atual direção para o pagamento de quotas, que tem a intenção de evitar esquemas para o pagamento massivo, mas acabou por complicar o processo para quem tinha a intenção de pagar apenas as suas. O sistema “tem a sua complexidade”, admitiu Rio, prometendo “aperfeiçoá-lo” com medidas administrativas como a diminuição do número de dados que são pedidos aos militantes que tentam atualizar as respetivas fichas, ou o fecho mais tardio dos cadernos eleitorais.

De resto, Rio mantém a sua posição: os expedientes que permitiam pagar quotas por atacado são para acabar. “Ao longo da minha vida critiquei sempre as vigarices que aconteceram nas eleições internas do PSD em muitas circunstâncias. As eleições não são para ganhar quem consegue mais dinheiro, mas quem tem mais aceitação junto dos militantes. Terão de mudar a direção para se voltar ao espetáculo que o PSD deu durante anos, inclusive durante a minha eleição”, atacou.

Só não houve resposta para a reivindicação que os seus concorrentes, Montenegro e Pinto Luz, têm feito, porque querem ter direito a falar aos conselheiros do partido na reunião do Conselho Nacional desta sexta-feira, em Bragança: “fait divers” que são competência da mesa do Conselho, reagiu simplesmente Rio, recusando ainda responder às “provocações que chegam a ser insultuosas” de quem sugere que as concelhias afetas à direção estarão a concluir mais rapidamente o processo de pagamento das quotas.