Política

Um mês depois, regresso de Manuel Monteiro está por oficializar

Apoiantes do ex-presidente falam em veto de gaveta. Cartão de militante ainda não chegou

António Pedro Ferreira

Já passou exatamente um mês desde que Manuel Monteiro entregou a ficha de militante para voltar a filiar-se no CDS. E já passaram 26 dias desde que a concelhia da Póvoa de Varzim, que recebeu a inscrição, a aprovou por unanimidade. No entanto, o antigo presidente dos centristas continua a não ter recebido o cartão de militante, uma demora que está a levantar suspeitas entre os que saudaram o seu regresso e que veem a situação como uma espécie de veto de gaveta.

“Não, não recebi.” É assim que Monteiro confirma ao Expresso que continua sem ter acesso ao cartão de militante e sem novidades sobre a formalização da sua reinscrição no partido, não querendo acrescentar mais comentários. Isto apesar de os estatutos preverem que cabe à concelhia que recebe cada nova filiação aprová-la, algo que já aconteceu neste. No entanto, o processo parece ter travado na secretaria-geral do partido, que oficializa as novas entradas (neste caso, reentrada) no CDS.

O Expresso tentou repetidamente contactar o secretário-geral do partido, Pedro Morais Soares, para perceber a demora do processo, mas sem sucesso. Isto porque, garantem fontes do partido conhecedoras do sistema de filiação, o tempo que a reinscrição de Monteiro está a levar a ser concluída não é habitual — já terá havido novas inscrições a serem oficializadas depois de esta ter sido entregue —, pelo que a suspeita é de que a militância de Monteiro não se torne oficial até perto da data do Congresso, marcado para 25 e 26 de janeiro, em que o substituto de Assunção Cristas será escolhido.

Quem critica publicamente a forma como o processo está, ou não, a ser conduzido é o único candidato assumido à liderança do partido, Abel Matos Santos (porta-voz da corrente interna Tendência Esperança em Movimento e crítico da atual direção). O atraso “só pode ser entendido como um ato censório, e que não cabe num partido que se diz pluralista e democrático”, atacou na quinta-feira, noite de Conselho Nacional do partido.

A refiliação de Manuel Monteiro acontece 16 anos depois de, na sequência com a rutura com o CDS de Paulo Portas, ter criado um partido concorrente, o Nova Democracia (entretanto desaparecido). Aquando das notícias que davam conta do regresso do ex-presidente centrista, Cristas chegou a garantir que todos os apoios seriam “bem-vindos”, mas dias depois viria lembrar em entrevista à RTP que ainda há “feridas por sarar” na relação entre Monteiro e o seu antigo partido.