Afinal foi só uma falha de comunicação ou erro de interpretação e Mário Nogueira não pretende afastar-se do PCP, nem nunca pensou verdadeiramente nessa hipótese, assim como não pondera sair da Federação Nacional de Professores (Fenprof), de que é líder. Isso mesmo afirmou o próprio em entrevista à SIC Notícias, esta quarta-feira.
Essa possibilidade foi avançada depois de o líder da Fenprof ter dito, em declarações ao "Público", que esperava “maior abertura” do seu partido em relação àquilo que considera “essencial” para os professores e à contagem integral do seu tempo de serviço congelado e ter-se assumido “magoado” com a posição do PCP. Também se mostrou afetado com as declarações recentes do antigo secretário-geral do PCP Carlos Carvalhas, que o acusou, em declarações à TSF, de ter feito um pedido desesperado aos partidos para “não matarem a luta dos professores”.
Concluir dessas declarações que pretendia afastar-se do partido de que é militante terá sido, contudo, precipitado, conforme disse à SIC Notícias. “Pus como condição [para a sua continuidade no cargo] que as sete direções estivessem de acordo com isso e as sete disseram que sim.” Sair não é, portanto, uma hipótese, seja o acordo aprovado ou chumbado. “É um desafio enorme dar a cara se a proposta for chumbada e é um grande desafio manter a unidade na Fenprof, mas se houver um chumbo na sexta certamente que continuarei para a luta”. Os “únicos derrotados”, acrescentou, “são os que tentaram criar uma crise política”.
A crítica tinha como alvo claro o PS, acusado ainda de “manipulação” por Mário Nogueira no que diz respeito ao custo da recuperação integral do tempo de serviço dos professores. De acordo com as contas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República, divulgadas esta quarta-feira, a recuperação integral do tempo de serviço nas carreiras da Administração Pública custaria anualmente aos cofres públicos 567 milhões de euros, um valor 30% abaixo dos 800 milhões de euros avançados para o Governo. A diferença tem que ver com a receita adicional com IRS, contribuições sociais e contribuições para a ADSE, que os números do Ministério das Finanças não consideravam mas para Mário Nogueira é clara a existência de uma tentativa de “manipulação”. “O governo tenta passar uma mensagem que manipule as pessoas quanto ao custo real, só lhe interessa impressionar as pessoas”, afirmou.
Comparando os professores com os restantes profissionais das carreiras especiais da Função Pública, o líder da Fenprof afirmou que os primeiros são os “únicos discriminados e vítimas de uma quebra de equidade”, referindo-se à situação dos docentes em Portugal Continental relativamente à dos que trabalham nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores. E não tem dúvidas de que a população portuguesa compreende isso e a dimensão da luta pelo descongelamento das carreiras. “Apesar dos esforços do PS para denegrir a imagem dos professores e mentir a seu respeito, a população continua do nosso lado.”