Política

Marques Mendes: “Centeno é um artista dos números”

Comentador político afirma que ministro das Finanças apresenta um Orçamento do Estado manipulado. Um para consumo interno, outro para Bruxelas, "o que é feio"

Marques Mendes sustenta que o Orçamento do Estado que será votado na próxima terça-feira é “um truque”, o que o leva a apelidar Mário Centeno de “artista dos números”. Para o comentador do Jornal da Noite, não existe um mas dois orçamentos, um que apresenta um défice real de 0,5%, outro de 0,2%, suportado por um anexo de cativações. “O que vai ser votado é o de 0,5%, um OE para consumo interno, outro para ser levado a Bruxelas”, critica, o que o leva a afirmar que “há um orçamento verdadeiro e outro manipulado, e isso é feio”.

O comentador político acusa ainda o Governo de, nos últimos meses, ter entrado pelo caminho da arrogância, numa alusão à “desclassificação em relação ao relatório da UTAO” do ministro das Finanças sobre o OE e às críticas do primeiro-ministro ao Conselho das Finanças Públicas. “Apresentam este orçamento como se fosse a última coca-cola do deserto”, diz Marques Mendes, muito duro com “o deslumbramento do poder e a arrogância” de Centeno e António Costa, mesmo em relação aos parceiros de Governo: “Esquecem-se que sem eles não estariam no poder e que em policia a arrogância mata”, em especial quando se está em alta e quer uma maioria absoluta.

Sobre Tancos, Marques Mendes considera que o Governo e o primeiro-ministro “estão sob suspeita”, por se ter ficado a saber esta semana que “afinal tinham conhecimento do que se passava” em relação ao encobrimento do caso das armas reaparecidas: ”O Governo fez crer que estava a leste do paraíso, quando agora se sabe que o ex-chefe de gabinete entregou o documento sobre o caso ao ex-ministro da Defesa. faltaram à verdade, mas já passou a fase das mentiras e mentirinhas e acham que os portugueses são parvos”.

Marques Mendes defende que o Governo devia vir a público dar uma explicação e que o primeiro-ministro deve ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito, como aconteceu com José Sócrates, em 2010, sobre a venda da TVI à PT. “Rui Rio precipitou-se ao dizer que o primeiro-mnistro não devia ser ouvido, porque nunca um primeiro-ministro o foi, o que revela que anda mal preparado e parece o anjo da guarda de António Costa”, concluiu.