Se há lição que se retira do percurso de Filipa Muñoz de Oliveira é de que para ser rentável um negócio não tem, necessariamente, de ser altamente inovador ou disruptivo. “Vai ser muito difícil criar o próximo Facebook ou a próxima Tesla. Às vezes não é preciso inventar a roda. Basta, simplesmente, olhar para o mercado e ver onde é que as coisas estão a ser mal feitas e onde é que há uma oportunidade de fazermos melhor”.
Foi com este pensamento que - depois de um percurso de carreira em empresas como a Jerónimo Martins, a leiloeira Christie's, em Nova York, ou a cadeia de televisão Sky, em Londres -, Filipa Muñoz de Oliveira regressou a Portugal. Arriscou recuperar uma técnica ancestral que recorre ao uso de um fio para embelezar o olhar das mulheres e cuidar das suas sobrancelhas, transformou-a em negócio e hoje fatura 8,5 milhões de euros ao ano.
A Wink soma perto de 40 lojas em Portugal e mais 20 fora de portas. Mas o negócio podia não ter avançado. Filipa recorda a dificuldade que foi encontrar em Portugal profissionais que dominassem a técnica - comum, por exemplo, na Índia ou Paquistão - e falassem corretamente português para garantir o atendimento aos clientes.
“As escolas de estética não ensinavam, ninguém sabia fazer” e Filipa deu por si a percorrer a Rua Almirante Reis e o Martim Moniz, em Lisboa, em busca de quem dominasse a técnica que permitiria viabilizar a empresa. “Estive quase a desistir de abrir a Wink por causa desta dificuldade”, recorda. Hoje tem uma escola própria onde garante a formação de quem emprega, o que lhe permitiu ganhar escala e internacionalizar.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios aqui.