O sucesso e o fracasso caminham de mãos dadas e são parte do percurso de qualquer pessoa que tente fazer acontecer. Luís Valente, o CEO da iLoF sabe-o e não teme o erro. Aos 18 anos criou a sua primeira empresa. A ideia era boa, mas falhou. “Ver um projeto falir é como terminar uma relação. Passa-se mal durante um tempo, faz-se o luto e segue-se em frente”, desdramatiza, acrescentando que falhar é parte do processo e fortalece o líder.
Foi com esta capacidade de aprender com o erro que partiu para criação da iLoF, uma startup focada em operar uma mudança de mentalidade na área da saúde e democratizar o acesso à medicina personalizada. Em suma, garantir garantir que cada doente tem o tratamento que efetivamente se adequa ao seu perfil e não uma solução pré-formatada utilizada em todos os pacientes.
O projeto que lidera já levantou cerca de €10 milhões de euros junto de investidores maioritariamente estrangeiros. Dinheiro que têm sido maioritariamente canalizado para reforçar a equipa com capital humano altamente qualificado - que é, no fundo, a massa crítica da iLoF - e tecnologia de ponta, já que a equipa utiliza inteligência artificial para permitir a identificação de nano estruturas dispersas em fluídos biológicos e assim afinar a terapêutica certa para cada paciente.
Diz que a forma como encaramos a saúde “é bizarra. Temos a noção de que o mesmo tamanho não serve a todos, mas na saúde a regra que se aplica é que se foi bom para uns é bom para todos, quando na realidade sabemos que não é assim”. E acrescenta: “é como testar uma camisola S numa pessoa que veste XL. Vamos descartar aquela camisola porque parece que não é boa. Ela é boa, mas não para aquela pessoa”.
Na saúde, reforça, é isto que se passa. E, por isso, “há centenas de ensaios clínicos que falham e de medicamentos que poderíam chegar ao mercado e não chegam, porque não são testados na pessoa certa”. É isto que quer ajudar a mudar com a iLoF.
E mesmo sabendo que em projetos como o que lidera “o caminho para o mercado é longo”, garante que “o impacto é desmesurado”, e recorda que “há muita gente que abandona carreiras bem sucedidas por um projeto que nunca chega a dar dinheiro”, mas cujo caminho “tem de ser feito”.
Luís Valente é considerado um dos gestores portugueses de elevado potencial. Integra a lista de 30 talentos com menos de 30 anos da revista Forbes, na área da Ciência e Saúde, e soma no currículo vários prémios de destaque enquanto empreendedor e gestor.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios aqui.