A fórmula não vem (ainda!) nos principais manuais de liderança, mas juntar as palavras ‘amor’ e ‘gestão’ na mesma frase pode ter um efeito multiplicador nos resultados operacionais de uma empresa e, consequentemente, na economia de um país. É Cristina Amaro, presidente executiva da The Empower Brands House e autora livro “Chief Love Officer”, quem o defende e garante que já testou o conceito. Há quase duas décadas que o aplica na sua “casa”, com as suas pessoas e garante que mais do que ser apontada como CEO de uma empresa, é como CLO (chief love officer) que gosta de ser reconhecida, sobretudo internamente.
É a eterna questão das lideranças. Quando deixamos um emprego, abandonamos o líder ou a empresa? Cristina Amaro não tem dúvidas: “os líderes. Abandonamos os chefes” que, vinca, “muitas vezes já não suportamos”.
E é por isso que defende que para resolver o problema crítico das dificuldades de retenção e contratação de talento nas empresas, é preciso começar pela base. Que é como quem diz, pelos afetos. É urgente, defende, ultrapassar preconceitos e “levar o Amor para dentro das organizações”.
Mas, de que falamos, na prática, quando falamos de “Amor", nas empresas, na gestão? “Falamos de respeito pelo outro, cuidado pelo outro, de perceber como está o outro, de caminhar lado-a-lado. Em duas palavras, falamos e empatia e humanidade", realça Cristina Amaro
Passamos a maior parte do nosso tempo de vida dentro das empresas, nos locais onde estamos a trabalhar. "Esse tempo, que é tanto e tão grande, se não for um tempo de qualidade, acabamos por sofrer, não por estar ali alegres e de coração tranquilo e de com a cabeça arrumada, que é como, na verdade, conseguimos ser produtivos”, diz a Cristina Amaro.
A pandemia, garante a chief love officer, “operou uma mudança de mentalidade nos trabalhadores e, forçosamente, nas lideranças”. Mas não a suficiente para eliminar o preconceito ou derrubar o tabu que ainda persiste quando tentamos conjugar na mesma estratégia afetos e negócios.
“Há preconceito e tabu. Há uma falta de entender o que é a palavra Amor dentro das organizações, que se traduz em empatia e humanidade". Um preconceito que, defende Cristina Amaro, “tem de ser derrubado porque se as pessoas não se sentirem bem nas organizações, vão ser menos produtivas, menos criativas, menos orientadas para a solução, menos participativas. E são a produtividade e os resultados financeiros dessa organização, primeiro, e da economia como um todo, depois, que se vão ressentir”.
A história da Gestão no futuro, garante a líder da The Empower Brands House, não voltará a escrever-se com as palavras do passado. A cultura de proximidade e de cuidado com o outro - o “Amor” enquanto ferramenta de gestão - “deve ser aplicada em qualquer empresa, independentemente da sua dimensão ou sector de atividade”. Disto depende, diz Cristina Amaro, a sobrevivência das empresas e da economia.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça mais episódios: